Seja por memes nas redes sociais ou por situações no cotidiano, você provavelmente está cansado de ver e ouvir sobre a terceira lei de Newton. Aquela em que fala que para toda ação, há uma reação igual e oposta. A lei da ação e reação. Sabe o coice que uma pessoa recebe ao disparar uma arma?
Quer outro exemplo? Imagine um pêndulo parado. Se você empurrá-lo, o pêndulo até vai se mover, mas ele vai voltar. E caso você não se mexa, vai te acertar com a mesma força que você o empurrou.
Então, são alguns exemplos dessa terceira lei.
Acontece que pesquisadores conseguiram observar que espermatozoides e outros microorganismos com flagelos conseguem se locomover e praticamente ignorar ela. Realizado na Universidade de Kyoto, no Japão, o estudo analisa como as propriedades elásticas desses flagelos conseguem impulsionar as células de forma a não sofrer o efeito de reação da terceira lei.
Os flagelos são estruturas bem finas, filamentos parecidos com um fio de cabelo, que saem do corpo da célula. Eles impulsionam as células se movimentando no fluido, indo contra a terceira lei, em um efeito chamado de movimento “não-reciproco”.
Os pesquisadores passaram a estudar uma forma de tentar burlar essa lei com alguns nadadores biológicos microscópicos que usam esse flagelo para locomoção. Para isso, eles utilizaram espermatozoides humanos e algas do gênero Chlamydomonas.
Mesmo em uma escala microscópica, era esperado que o fluido dissipasse a energia do flagelo que se movimenta para empurrar a célula. Ou seja, mesmo com o flagelo batendo freneticamente, a célula não conseguiria nem ir muito longe e nem com a velocidade que geralmente elas se movimentam.
Apesar disso, eles descobriram algo que pode em parte dar uma resposta a esse mistério. Os flagelos possuem uma habilidade de conseguirem se movimentar de um jeito em que eles ondulam sem perder tanta energia. Essa propriedade, chamada de elasticidade ímpar, faz com que a energia dissipada no fluido não interfira no movimento da célula.
Para saber o quanto, os cientistas fizeram um cálculo. Analisaram a forma como o espermatozoide ou microorganismo estava posicionada, e sua elasticidade possivel pela curvatura do filamento do flagelo. Depois, observaram a forma como esse flagelo se movimenta no fluido, e de onde parte o acionamento para o movimento. Constataram o seguinte: é como se o espermatozoide fosse capaz de empurrar o “pêndulo”, sem que ele volte.
Apesar disso, os pesquisadores, ressaltam, que ainda não sabem quais são todos os processos envolvidos nessa capacidade que os espermatozoides e outros microorganismos com flagelo têm de “enganar” essa clássica lei do movimento.
Agora, os cientistas têm como objetivo continuar a desenvolver os estudos sobre o módulo elástico desses micro nadadores a fim de descobrir quais os outros processos envolvidos. Além disso, eles creem que sua pesquisa pode ajudar outros pesquisadores a construir robôs microscópicos que também possam ter a mesma capacidade de se locomover, mas sem sofrer a reação do ambiente.
Fonte: abril