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Taise Spolti – Descubra além do nori: as algas mais utilizadas e seus incríveis benefícios para a saúde

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Nem só de alga do sushi ou da spirulina e clorella se faz nossa alimentação ou fonte de suplementação. O poder das algas marinhas está cada vez mais ganhando espaço na nossa rotina, porém não é de hoje que os seus usos e benefícios são conhecidos.

Originário de alguns povos, mais especificamente no Japão e nos países asiáticos, o consumo de algas marinhas é bem antigo, datando seu primeiro registro de uso medicinal e na alimentação desde 2.700 anos a.C em um herbário chinês. Algumas algas já se tornaram bem conhecidas e difundidas no mundo todo, como é o exemplo da alga nori —aquela usada para enrolar o sushi e o temaki—, a ágar-ágar —usada como espessante— e também as mais conhecidas usadas na suplementação, spirulina e clorella.

Mas temos muitas outras, e para guiar o assunto, separei uma lista das algas e macroalgas usadas como fonte alimentar e como suplementos, bem como as suas propriedades. Se você já usou alguma, não deixe de me contar nos comentários.

Nori

Muito além do uso no sushi, a alga nori tem algumas propriedades bem estabelecidas e benéficas à saúde. É uma das algas que contêm o maior valor de proteína por porção, inclusive mais proteínas do que algumas fontes tradicionais do nosso dia a dia —em uma folha de 2 g há 1 g (metade do seu peso total) de proteína vegetal. Além disso, um dos pontos mais conhecidos da alga nori é a sua concentração em vitamina A. Vale lembrar que a nori está dentro da classificação de algas marinhas vermelhas, e só aparenta ser esverdeada após seca.

Dulse

Uma alga marinha que também está na classificação das algas vermelhas (Rhodophyta). Ela não é tão conhecida na população ocidental, mas tem um potencial muito benéfico ao nosso consumo, que é a sua grande quantidade de vitamina C, potássio e ferro. Pode ser consumida crua, ou cozida.

Ulva

Conhecida como alface-do-mar, pode ser consumida crua ou cozida, mas o seu principal consumo é de fato cozida, em sopas orientais. Outra alga que tem grande valor proteico e de fibras, sendo 25 a 26 g de fibras encontradas em uma porção de 100 g de alface-do-mar.

Ágar-ágar

Essa alga é usada amplamente nas indústrias, sejam alimentícias ou farmacêuticas. A ágar-ágar é um bom exemplo de como as algas marinhas podem ser úteis na elaboração e extração de componentes diversos, neste caso, o alginato. O alginato, ou o ácido algínico, é usado para diversos fins específicos —mais de 100 usos para ser exata.

Do ágar-ágar se utiliza o alginato, que forma uma substância gelatinosa e transparente, usada então para a indústria alimentar (para sorvetes, gelatinas e até pães) como espessante natural ou como emulsificante, ou então na área farmacêutica, como base segura quando há alterações de formulação (para quem não pode consumir determinadas cápsulas por alergias ou intolerâncias alimentares), cremes com menor risco de desencadear reações alérgicas, sabonetes e também maquiagens. É uma forma interessante e segura de minimizar reações alérgicas a ovos, leite e glúten, por exemplo.

Spirulina

É uma alga verde (Chlorophytas). Algas dessa classificação são reconhecidas em uso medicinal, ou seja, são usadas há muitos anos pelas suas ações naturais no nosso organismo: ação antibiótica, vermífuga, cicatrizantes e melhora de reações alérgicas, principalmente na pele. No uso diário, suas principais características são de ação antioxidante, fonte de selênio e vitamina E.

Musgo da Irlanda

Seu nome é Chondrus crispus e é mais uma alga do grupo de algas vermelhas. As algas vermelhas são usadas de forma medicinal há muitos anos também, e suas principais características são no tratamento para resfriados, sistema imunológico, anti-helmíntico e ação anticoagulante. Essa alga possui alta concentração de vitamina A, proteínas e sua principal ação é na saúde intestinal, amplamente usada como coadjuvante em tratamentos da síndrome do intestino irritável e modulação intestinal. É um “superalimento” e eu utilizo bastante em minhas prescrições na clínica.

Wakamé

Está presente em muitas casas de sushi e comidas orientais, geralmente como uma salada de entrada ou acompanhamento de outros pratos tradicionais. Deliciosa e de sabor mais leve que outras algas, a wakamé também possui benefícios à saúde, sendo usada como alga medicinal há muitos anos nos países asiáticos. É uma alga que entra na classificação de algas pardas (Phaeophyta), e geralmente é indicada em tratamentos de obesidade, úlcera gástrica, em pacientes com dislipidemias, possuem alto valor de vitamina B1 e B2, cálcio e vitamina A.

Hiziki

Já teve no auge dos “superalimentos” durante o aumento da busca pela alimentação macrobiótica, tendo até quinze vezes mais cálcio que o leite, alta quantidade de proteína e também ferro. Essa alga é mais difícil de ser encontrada, geralmente em lojas especializadas. É usada há séculos como alimento e para beleza de cabelos e pele das mulheres asiáticas, quando consumida diariamente.

O consumo dessa alga recebeu um alerta, sendo então desaconselhada a utilização, principalmente quando não se tem certeza sobre a fonte, pela sua significativa quantidade de arsênio inorgânico. Porém, ainda hoje, é bem usada na culinária e pode ser encontrada em alguns restaurantes de comida asiática.

Kombu

A utilização e indicação dessa alga marrom é pelo seu alto valor de iodo, sendo muito usada como suplemento alimentar para disfunções da tireoide. Além de iodo, possui bons valores de magnésio, cálcio, ferro e fósforo. Outras qualidades vão além, como seu potencial de auxiliar na saúde intestinal —suas fibras não são digeridas pelo nosso trato gastrintestinal e servem de alimento para nossa microbiota. Pode ser encontrada desidratada ou em pó.

Foi por causa da alga kombu que se descobriu o sabor umami. Ela tem a capacidade de realçar o sabor dos preparos e dos alimentos, e é usada há séculos como base do caldo dashi na culinária japonesa.

Clorella

Uma alga verde, a mais poderosa em clorofila, sendo muito indicada para veganos, por conter alto valor de vitamina B12 e também bons valores de proteína. Ela tem uma propriedade muito interessante de desintoxicar o nosso organismo após o consumo, como uma espécie de depuração. Ela é capaz de auxiliar a eliminação de metais pesados como chumbo e mercúrio do nosso organismo. Alguns pacientes podem sentir desconfortos gastrointestinais justamente por essa característica, porém a saúde intestinal agradece o consumo, pela sua capacidade de modular secundariamente a nossa microbiota intestinal.

Antes de consumir qualquer alga marinha, seja em forma de suplementos seja como alimento, fale com o seu nutricionista para adequação diária junto aos demais alimentos que estarão presentes na sua dieta. Não substitua nenhuma refeição sem falar com um nutricionista.

Em meus atendimentos clínicos, antes de fazer indicação de suplementos e fórmulas magistrais usando essas substâncias, mesmo sabendo de seus benefícios, eu procuro primeiro entender as necessidades do paciente, qual aplicação teremos como benefício (obesidade, saúde cardiovascular, adjuvante no tratamento da tireoide) através de exames, e só após isso conseguimos inserir esses “superalimentos” na alimentação tanto individual como da família.

Fonte: uol
Colunista: @chefcarlosmiranda

Sobre o autor

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Carlos Miranda

Business consultant | Gastronomo | Chef Executivo | Pitmasters | Chef proprietário OSSOBUCO Outdoor Cooking