É consenso que o consumo excessivo de bebidas alcoólicas é (]*rel=”)noopener(“[^>]*>)prejudicial à saúde. A prática é fator de risco para mais de 200 doenças e está ligada a 3 milhões de mortes a cada ano em todo o mundo.
No Brasil, uma das bebidas mais populares é a cerveja, o deleite de rodas de conversa e dos churrascos de fim de semana. Sendo o país o terceiro maior consumidor da gelada no mundo —ranking de 2021 da (]*rel=”)noopener(“[^>]*>)Kirin Holdings—, é improvável que ela seja deixada de lado.
Mas, diante do inevitável consumo global, como reduzir danos? A cerveja é sempre a vilã da barriga de chope? E uma cerveja artesanal seria “menos ruim” do que uma industrial?
Fontes ouvidas por VivaBem são unânimes em afirmar que todo excesso faz mal e mesmo uma bebida considerada “mais limpa” pode trazer danos. O importante, então, é o consumo moderado, com atenção ao rótulo, à qualidade e ao conhecimento dos ingredientes.
Se há riscos sempre, você pode reduzi-los no curto e longo prazos se não beber demais —inclusive evitando a distensão abdominal.
Cerveja: culpada?
Aquela sensação de estufamento depois de beber duas ou três latinhas de cerveja é bem comum e o termo “barriga de chope” geralmente vem associado àquela pessoa que costuma virar o copo com mais frequência.
Mas saiba que ainda não há uma relação de causa e efeito entre a bebida e a distensão abdominal. Alguns fatores, no entanto, podem explicar esse inchaço:
Quantidade de cerveja: por geralmente ter menor teor alcoólico (marcas mais consumidas têm em torno de 5%), as pessoas tendem a beber mais cerveja do que outras bebidas alcoólicas, como vinhos e destilados. O excesso de líquido causa esse estufamento.
Calorias: a cerveja também é uma fonte de energia, pois tem calorias que se transformam em gordura. E quanto maior o teor alcoólico, mais açúcares foram fermentados e, portanto, há mais calorias.
O que se come junto: você já viu cerveja acompanhada de salada? A bebida é geralmente consumida com alimentos mais gordurosos e ricos em sódio, que contribuem para a retenção de líquidos e consequente inchaço.
Bebida gaseificada: assim como os refrigerantes, a cerveja libera dióxido de carbono no organismo, que dilata o estômago e causa incômodo.
Assim, tanto faz tomar cerveja industrial ou artesanal se a quantidade for excessiva e os alimentos forem mais calóricos. O que pode fazer alguma diferença é investir nas tendências de cervejas low carb e zero álcool, por exemplo.
Dos males, o menor
Opções para o consumo de cerveja não faltam. Segundo o Sindicerv (Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja), a estimativa é de mais de 20 mil tipos de cervejas no mundo. Vão das tradicionais marcas conhecidas no mercado aos estilos artesanais, variedades com e sem álcool, de trigo, sem glúten e incrementadas com frutas.
Mas a base é simples: água, lúpulo, malte e levedura fazem uma cerveja. Enquanto o lúpulo revela o amargor e notas de sabores, o malte traz a coloração, e a levedura está relacionada ao teor alcoólico.
Além disso, compostos presentes no malte de cevada e no lúpulo, como antioxidantes, são considerados benéficos à saúde. A bebida ainda tem minerais como magnésio, potássio, sódio, cálcio e vitaminas do complexo B.
Mas não se anime. A bebida alcoólica em si não é benéfica e a cerveja não está isenta de calorias: o teor alcoólico vem dos açúcares fermentados, e os carboidratos derivam do malte.
Se for para eleger uma menos nociva à saúde, a cerveja artesanal ganha destaque pelos ingredientes cuidadosamente selecionados e de maior qualidade, com rastreio e controle da matéria-prima.
Na comparação com a industrial, ela tem mais insumos naturais, sendo considerada melhor do que uma com aditivos químicos. Veja algumas diferenças:
Cerveja artesanal
São usados ingredientes naturais;
São menos ingredientes na lista;
O lúpulo age como conservante natural e está em quantidade suficiente para manter a boa qualidade da cerveja, sem necessidade de aditivos químicos.
O tempo de fermentação maior, de cerca de 20 dias, garante quantidade suficiente de álcoois que vão gerar espuma e trazer carbonatação, relacionada à qualidade e controle da quantidade de gás carbônico.
Cerveja industrial
Geralmente tem aditivos químicos como acidulantes, conservantes e estabilizantes;
Parte do malte de cevada pode ser substituída por adjunto cervejeiro, como milho e arroz, (]*rel=”)noopener(“[^>]*>)algo permitido por lei, mas que não possuem nutrientes suficientes para a boa formação de espuma (por isso há necessidade de aditivos);
Com menos malte, a introdução de corante se mostra como opção —mas alguns são potencialmente cancerígenos;
O tempo de fermentação é menor e, portanto, resulta em menos espuma.
Há benefícios mesmo?
Os ingredientes básicos da cerveja contêm antioxidantes que, de modo geral, são benéficos para a saúde. Mas esses agentes do bem também são encontrados em alimentos e bebidas não alcoólicas, o que em termos nutricionais e de saúde é melhor do que uma cerveja.
Os compostos da cerveja:
- Antioxidantes: inibem ações de radicais livres que causam danos à estrutura celular. Isso está relacionado ao menor risco de câncer, por exemplo. Vitamina C é um deles, presente em frutas cítricas como acerola, limão, laranja e kiwi.
- Flavonóides: também têm ação antioxidante, com benefícios para a saúde do coração. São encontrados em alimentos como grão verde de café, folhagens de cor verde, maçã, cacau, uva, chá verde, entre outros alimentos.
- Compostos fenólicos: antioxidantes com efeito cardioprotetor, que atuam no controle do metabolismo de lipídios (gorduras), na coagulação sanguínea e no metabolismo da glicose. Encontrados em arroz negro, azeite extravirgem, frutas vermelhas, ameixas, suco de uva com casca e chá preto.
- Xanthohumol: presente no lúpulo, a cerveja seria a única fonte dietética desse composto que vem sendo estudado como uma substância anticâncer e contra doenças cardiovasculares. Por enquanto, há linhas de pesquisa no uso dele em cremes para pele, com ação antimicrobiana.
Pesquisas já investigaram o potencial antioxidante das cervejas artesanais. Um (]*rel=”)noopener(“[^>]*>)estudo realizado com produtos da região do Vale do Caí, no Rio Grande do Sul, mostrou que a maior parte dos compostos está no malte de cevada —o lúpulo contribui com o restante.
Mas a capacidade de benefício depende da quantidade dos compostos, que depende do tipo de cerveja, das matérias-primas e do tipo de fabricação. Teoricamente, quanto mais lúpulo e malte de cevada, mais benefícios.
A pesquisa mostrou que:
O malte especial torrado tem maior atividade bioativa antioxidante, seguido do lúpulo, do malte base claro e malte de centeio.
Os estilos Porter e American Pale Ale apresentam maior atividade bioativa em comparação aos demais estilos, devido à utilização do malte especial torrado e lúpulo.
O estudo menciona que a Witbier é um estilo de cerveja que não leva muito malte, o lúpulo também não é necessário em grande quantidade, então tem menor quantidade e efeito antioxidante.
A nutricionista Suiani Sales, que atende em Fortaleza, comenta que o hábito de beber cerveja não tem como objetivo uma busca por melhor saúde. É aquela indulgência alimentar, mais pelo prazer. “Eu, particularmente, não indicaria beber cerveja artesanal porque ela tem antioxidantes. Não vai ser essa quantidade na cerveja que vai trazer um benefício na saúde de um indivíduo”, ela afirma.
O que considerar na hora de beber cerveja?
Além do que foi apresentado até aqui, especialistas dão dicas para você fazer uma escolha consciente:
- Entre as cervejas artesanais, os estilos Pilsen e Lager são mais leves e, justamente por isso, é bom ter cuidado com o exagero na quantidade.
- Ao comprar cervejas industriais, a melhor opção seria a puro malte, que tem menos calorias.
- No processo de emagrecimento, embora seja possível perder peso sem tirar a cerveja da dieta, como fez o cantor Leonardo, ela deve ser consumida sob orientação do nutricionista. É uma negociação que precisa levar em conta o estado de saúde e preferências da pessoa.
- Considere a bebida como uma exceção. Não há limite seguro estabelecido e o consumo leve/moderado indica de uma a sete doses por semana para mulheres e de uma a 14 doses por semana para homens. Uma dose equivale, em média, a uma lata de cerveja (350 ml), uma taça de vinho (150 ml) ou uma dose de cachaça, uísque ou outros destilados (45 ml).
Fontes: Fernanda Barzenski e Ana Paula Komar, sommeliers de cervejas do Clube do Malte; Rochele Cassanta Rossi, pesquisadora na área de alimentos funcionais, decana da Escola de Saúde da Unisinos; Suiani Sales, nutricionista.
Fonte: uol
Colunista: @chefcarlosmiranda