Que você já leu sobre creatina, ou já fez uso em algum momento de sua vida, isso eu já sei. A creatina é o suplemento mais estudado no mundo e seu uso tem diversas comprovações científicas.
Entre idas e vindas pelo gosto do povo e da própria comunidade médica e profissionais da saúde, a creatina se tornou, hoje, um grande aliado para dietas de todos os perfis e com diferentes aplicabilidades: emagrecimento, saúde intestinal, prevenção da sarcopenia, tratamento da sarcopenia, pós-operatório ou pós hospitalização, hipertrofia, definição, performance cognitiva e física, esportistas, atletas…
Há alguns anos, no entanto, infelizmente e por conta da má conduta de indústrias, a creatina ficou com a má fama de causar retenção de líquidos e problemas renais. Claramente, com o passar do tempo e com muitos estudos a favor —e também com maior controle de qualidade sobre o produto e sua fabricação, comercialização e aplicação—, a creatina mudou esse cenário, mas não foi fácil.
Nas academias, era muito comum que se vendesse livremente suplementos, geralmente de potes pretos e com rótulos direcionados ao público da musculação. Com alguns anos dessa prática, uma resolução da Anvisa proibiu que imagens de corpos e físicos que induzissem ao erro fossem colocadas em suplementos ou qualquer outro produto com apelo estético e de performance.
Como um alerta, todas as marcas tiveram que se adequar. Junto a essa prática, sem o devido controle sobre o que se era vendido ou produzido, e sabendo que a creatina era uma suplementação que gerava ‘volume’, infelizmente descobriu-se que em muitas marcas a adição de sal, sódio e amido era comum.
O alto consumo de sódio encontrado nesses produtos, assim como a própria suplementação em altas doses de creatina em pacientes que não tinham conhecimento ou orientação para tal, obviamente se tornou um perigo: praticantes de musculação com músculos inchados rapidamente, mulheres com maior retenção de líquidos, e claro, mais força (afinal, o sódio é necessário para uma boa atividade muscular tanto na força quanto no endurance).
O contraponto: perigosos acessos à hipertensão, cálculos renais, problemas de saúde diversos, assim como desconfortos gastrointestinais (doses acima de 10 g podem causar instantaneamente ânsia de vomito ou enjoos).
Com esse combo, imediatamente presumiu-se que a creatina não seria um bom suplemento e caiu na má fama.
Hoje em dia, após muito controle não somente sobre a creatina mas todo e qualquer suplemento, com rigorosos testes anuais sobre suplementações e também medicamentos —incluindo fases específicas de testes antes de comercialização—, a creatina tomou seu devido espaço novamente nos diversos usos anteriormente mencionados.
O uso em idosos é amplamente indicado para melhorar a capacidade musculoesquelética e aumentar qualidade de vida através da autonomia. Seu uso em esportes pode tanto ser sentido na recuperação como também na performance do atleta devido ao ganho de força, resistência e “ressíntese energética”. Mas um ponto que sempre tomou conta das discussões é a origem da creatina.
De onde vem a creatina?
A creatina monohidratada, mais amplamente utilizada e vendida, é um aminoácido feito sinteticamente através de dois compostos: sarcosina e cianamida. Tem sua formulação com 12% de água; o restante é creatina. Essa não dissolve tão bem em água, mas possui o valor mais baixo de venda.
Nem toda marca que vende creatina recebe o selo de produto vegano, pois em sua formulação total do produto podem ser adicionados colágeno (quando em cápsulas, por exemplo), ou outros componentes como corantes, aromatizantes, e isso interfere no produto final.
Já a creatina micronizada possui como diferencial: suas partículas em tamanhos menores que a monohidratada, e isso facilita tanto a dissolver o produto em água, como também em sua absorção, diminuindo riscos de desconfortos para pacientes que já possuem condições prévias.
Essa também é uma boa opção para os pacientes que recebem indicação de suplementação durante um tratamento para manejo da saúde intestinal.
Já a creatina creapure é um suplemento que se utiliza de uma patente alemã com tecnologia exclusiva de produção. Aumentando a absorção pelo organismo, essa patente assegura creatina ultrapura 100% de produto, ou seja, não tem o percentual de água de outras creatinas.
Outra diferença é que a Creapure é vegana, com certificação, e com um grande detalhe que nem todas as outras marcas possuem, mas que para o atleta é indispensável saber: está na Cologne List.
A Cologne List é uma plataforma que regula substancias para o doping. Comprar suplementos —ou medicamentos— que estejam na Cologne List é uma estratégia de atletas e profissionais que atuam com atletas no mundo todo para reduzir a chance de doping, principalmente por não estarem preparados com a condição de que, em um suplemento como a creatina, poderia ser adicionado outras substâncias que colocariam em risco a credibilidade do atleta.
As doses para a suplementação são individuais. Antes de fazer uso, fale com o nutricionista para adequar quantidades e frequência diária.
Fonte: uol
Colunista: @chefcarlosmiranda