O economista e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Ecio Costa criticou a falta de transparência da Petrobras ao anunciar a nova política de preços de combustíveis a ser adotado pela estatal. Costa conversou com Oeste nesta terça-feira, 16.
“A transparência pelo comunicado deixou muitas pessoas em dúvida”, alertou o economista. “Precisa de mais esclarecimentos, porque quando você tinha uma PPI [preços de paridade de importação] a regra já estava bem definida, apesar de que o repasse não era de imediato, a Petrobras sempre segurava muitas vezes esse repasse e agora você vai ter que acompanhar as variações do custo alternativo dos fornecedores e concorrentes, assim como a precificação por meio do valor marginal.”
Na visão de Costa, pouca coisa deve mudar na nova formulação de preços adotada pela estatal. Além disso, ele observa que a redução anunciada nesta terça pela Petrobras é um reflexo da paridade de preços internacionais.
“A redução de hoje ela já estava precificada na PPI”, observou o economista. “Porém, sobre essa nova política de preços, o comunicado está pouco esclarecedor, porque ao falar do ‘custo alternativo do cliente’, é perceptível que a Petrobras vai acompanhar o preço do exterior.”
A respeito do valor marginal para a Petrobras, que é uma das características da nova política de preços da estatal, Ecio Costa analisa que a medida ainda deve levar em consideração o preço internacional.
“Isso tem a ver com justamente com o custo da Petrobras, que seguirá analisando o preço do barril de petróleo”, explicou. “A gente produz petróleo, mas não somos autossuficientes, porque ainda precisamos importar petróleo de outras qualidades para a demanda dos combustíveis internos. Então, você termina estando sujeito inevitavelmente ao preço do barril de petróleo internacional, pois ao analisar o valor marginal, veremos o custo em relação ao preço.”
Desabastecimento de combustíveis
O economista alertou também que, caso a estatal opte por recusar e seguir os preços do mercado, o Brasil corre risco de desabastecimento. Isso porque “se os preços praticados ficarem abaixo dos preços internacionais do preço do barril do petróleo, os importadores não farão a importação desses produtos, o que vai sobrecarregar a Petrobras.”
Fonte: revistaoeste