Dirigido por David Fincher, Seven – Os Sete Crimes Capitais é um filme magnífico com um final difícil de melhorar. No entanto, é um desfecho incomum – e muitos cineastas nunca arriscariam fazê-lo por medo de assustar os espectadores. De fato, Arnold Kopelson, um de seus produtores, teve receio de que a obra pudesse ser um desastre após a recepção nada positiva do público durante as exibições-teste.
Kopelson já contou em entrevista que, nas duas projeções que realizaram, somente 70% dos participantes aprovaram o que viram. Assim, diferentes alternativas começaram a ser consideradas. A maioria acabou descartada, embora parte do que foi discutido tenha sido acrescentada.
Você se lembra da última cena de Seven com a voz off de William Somerset (o personagem interpretado por Morgan Freeman)? Ele esclareceu que cuidaria de David Mills (Brad Pitt) no futuro. Isso não estava no roteiro, e Kopelson insistiu para que fosse incluído. A verdade é que, se dependesse do diretor, o longa teria terminado com um corte preto logo após Mills puxar o gatilho para acabar com a vida de John Doe (Kevin Spacey).
É claro que Fincher não ficou satisfeito com a adição, mas o que realmente importa é que ele conseguiu manter o que o roteirista Andrew Kevin Walker havia escrito, ao invés de adotar qualquer uma das alternativas levantadas.
OS FINAIS ALTERNATIVOS DE SEVEN
1- Pitt comentou que, na época, surgiu a ideia de ter a cabeça de seu cachorro dentro da caixa, e não de sua esposa, para que ele nunca chegasse a matar Doe. O ator revelou que a sugestão veio do estúdio, mas Kopelson afirmou que nunca ouviu falar disso, apontando a possibilidade de ter sido uma conversa informal entre Pitt e Fincher.
2- Somerset impedindo Mills de executar Doe, evitando completamente sua morte ou sendo quem puxa o gatilho. Esta última opção foi a que mais funcionou e ganhou até um storyboard, mas acabou sendo abandonada. Não sem antes serem consideradas outras opções como Mills atirando em Somerset para evitar ser preso e assim poder negociar com o assassino.
3- Nos primeiros estágios do desenvolvimento, os produtores acharam o final muito sombrio, chegando a propor que Tracy Mills, personagem de Gwyneth Paltrow, fosse apenas sequestrada e que Somerset e Mills conseguissem resgatá-la a tempo. Pitt e Fincher se opuseram fortemente a isso ou a qualquer final que não tivesse a cabeça de Tracy na caixa.
4- Os minutos finais se passariam em uma igreja em chamas na qual Doe mataria Mills, antes de morrer nas mãos de Somerset. Um pouco sem sentido, anulando todo o encanto maligno de Doe ao transformar o personagem de Spacey em um simples vilão, em vez de uma figura tão retorcida quanto brilhante.
Por fim, as propostas de mudança não resistiram à comparação com o que Walker escreveu, e os produtores desistiram de mexer na conclusão. Fincher reconheceu, no comentário em áudio do DVD de Seven, que fazia sentido o argumento de não dar a Doe o prazer de morrer como ele queria depois do que tudo o que fez. Porém, a solução original era boa demais e dava ao público a tão esperada vingança ao mesmo tempo que explicava que não há balas suficientes para Mills reparar as atrocidades cometidas por Doe.
Seven foi um grande sucesso, arrecadando mais de US$ 327 milhões mundo afora, para um orçamento de apenas US$ 33 milhões.
Fonte: adorocinema