A saúde da mulher é um assunto que tem ganhado visibilidade no Brasil desde o começo do século XX. Esse campo engloba temas relacionados com todos os momentos da vida feminina, desde a puberdade até a gestação e a menopausa, incluindo, entre outros, o autoconhecimento e o autocuidado físico e mental.
Para que você possa conhecer melhor o tema e entender algumas das principais preocupações, preparamos aqui um guia especial sobre a saúde da mulher.
Saúde da mulher no Brasil
As primeiras pautas sobre saúde da mulher foram incorporadas às políticas brasileiras no início dos anos 1900. Nesse período, os assuntos tratados eram focados principalmente na gravidez e no parto, deixando de lado várias necessidades importantes para a saúde individual feminina.
Algumas décadas depois, em 1983, é criado o Programa de Assistência à Saúde Integral da Mulher (PAISM) com o objetivo de executar políticas voltadas para o planejamento familiar e o bem-estar feminino antes da gravidez e após o parto.
Os debates estimulados por esse projeto foram essenciais para que, em 2004, o Ministério da Saúde criasse a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, um programa especial voltado para garantir os direitos humanos femininos no Brasil e abordar temas como o câncer de mama, o autoconhecimento e a liberdade das mulheres.
Principais mudanças no corpo da mulher
Ao longo da vida, alterações hormonais são responsáveis por diversas mudanças físicas nos corpos femininos. Em especial, três situações costumam causar as maiores modificações no formato e nas características corporais: a puberdade, a gestação e a menopausa.
Puberdade e menstruação
A transição entre a infância e a vida adulta é chamada de puberdade. Nas mulheres, esse evento acontece entre os 8 e 13 anos de idade e é marcado por mudanças físicas, como o crescimento rápido, o aumento dos seios, o surgimento de pelos e o desenvolvimento das coxas e quadris.
As mudanças hormonais que ocorrem nesse período também levam à maturação sexual e, consequentemente, à primeira menstruação – ou menarca.
Após a menarca, o sistema reprodutor feminino começa a liberar óvulos uma vez por mês. No começo, essa frequência pode ser irregular, mas costuma ser normalizada naturalmente.
A liberação de óvulos significa que qualquer relação sexual desprotegida, ou seja, sem o uso de preservativos ou outros métodos contraceptivos, pode levar a uma gravidez.
Gravidez
A gravidez é o momento em que um novo ser é gerado no sistema reprodutor feminino. Esse período também é marcado por diversas mudanças no corpo, uma vez que todo o organismo precisa se adaptar para a nutrição de um bebê durante e após a gestação.
Algumas das principais alterações perceptíveis incluem inchaço, redução na queda de cabelo, vontade frequente de urinar, dores nas costas, estômago e intestino, aumento das mamas e do abdômen.
Menopausa
O fim da fase reprodutiva pode acontecer a partir dos 45 anos e é marcado pela ocorrência da última menstruação e início da menopausa.
Durante a menopausa, a mulher costuma perceber um ressecamento vaginal, que pode vir acompanhado por dor durante a penetração e diminuição da libido. A pele, as unhas, os ossos e cabelos começam a ficar mais finos e quebradiços e o acúmulo de gordura abdominal pode causar aumento no tamanho da barriga.
Uma certa instabilidade emocional, com momentos de depressão, ansiedade, irritação e insônia, assim como a presença de ondas de calor e infecções ginecológicas passam a ser bastante comuns e podem causar desconfortos no dia a dia.
Tudo sobre a TPM
Durante a fase reprodutiva, as mulheres podem enfrentar a TPM, ou Tensão Pré-Menstrual. Trata-se de um conjunto de sintomas físicos e psicológicos que costumam aparecer entre o décimo quarto dia do ciclo menstrual e a menstruação. Em alguns casos, os sinais desaparecem logo no primeiro dia de fluxo. No entanto, algumas mulheres enfrentam os desconfortos até o fim do período.
Os sintomas mais comuns incluem dores nas mamas, nas costas e na cabeça. A mulher também pode apresentar inchaço, cansaço e fome excessiva, além de instabilidade emocional, irritabilidade, sensibilidade e dificuldade de concentração.
É importante manter hábitos saudáveis no dia a dia para amenizar os sinais da TPM. Exercícios físicos, uma dieta saudável e cuidados com a saúde mental são algumas das ações importantes para reduzir o impacto da Tensão Pré-Menstrual.
Caso os sintomas estejam dificultando a rotina, é recomendado procurar um médico ginecologista para buscar uma abordagem específica e individual.
Quais as doenças mais comuns nas mulheres
As diferenças no organismo e na anatomia feminina podem favorecer o surgimento de algumas doenças. Por isso, é importante prestar atenção nos sinais que o corpo dá e consultar um médico na presença de qualquer sintoma.
Infecção urinária
Uma das doenças mais comuns em mulheres é a infecção urinária. Ela acontece quando bactérias prejudiciais alcançam o trato urinário e costuma causar ardência ao urinar, vontade de ir ao banheiro com mais frequência, presença de sangue na urina ou alterações na cor do líquido.
Candidíase
Outro tipo de infecção de alta prevalência no público feminino é a candidíase. Essa doença é causada pelo aumento excessivo de um fungo presente na flora vaginal e se dá em decorrência do uso de roupas apertadas ou molhadas, de antibióticos sem recomendação médica ou do enfraquecimento do sistema imune.
Os principais sintomas são dor, inchaço, ardência e coceira na vulva (parte externa da vagina), dor ao urinar ou ter relações sexuais e corrimento esbranquiçado.
Câncer de mama
O câncer de mama é a principal causa de morte entre as mulheres. Essa doença tem o risco aumentado em mulheres com mais de 50 anos, que não tiveram filhos ou engravidaram após os 30, em pessoas com sobrepeso, histórico familiar dessa doença, que menstruaram antes dos 12 anos ou entraram na menopausa após os 50 anos, entre outros fatores de risco.
Alguns dos sinais mais comuns desse tipo de câncer são: presença de secreções nos mamilos, inchaço em parte ou em toda a mama, caroços nas axilas, dores e irritações nos seios ou mamilos. A pele das mamas também pode apresentar aspecto enrugado e os mamilos podem ficar na posição invertida.
Síndrome do ovário policístico
A Síndrome do Ovário Policístico – ou SOP – é marcada pelo aumento no tamanho dos ovários ou pelo surgimento de cistos nessas estruturas. A doença é causada por alterações hormonais e pode fazer com que haja atrasos na menstruação, aumento no peso, na queda de cabelo, na quantidade de acne e nos pelos do rosto, seios e abdômen.
Essa síndrome também pode causar dificuldade para engravidar.
HPV
O HPV, ou Papilomavírus Humano, é um tipo de Infecção Sexualmente Transmissível (IST) comum em homens e mulheres. Essa doença tem sintomas como o surgimento de verrugas nos genitais, lesões no útero e no ânus.
Endometriose
A endometriose acontece quando parte do fluxo menstrual cai nos ovários ou na cavidade abdominal em vez de sair na menstruação. Isso pode causar lesões internas que se refletem em cólicas, alterações no sangramento durante a menstruação, presença de sangue na urina e dificuldade para engravidar.
Osteoporose
Após a menopausa, as mulheres ficam mais propensas à osteoporose – uma doença caracterizada pela perda progressiva da massa dos ossos e que aumenta a suscetibilidade a fraturas.
Nem sempre essa condição causa sintomas. No entanto, alguns indícios incluem dores nas costas, pescoço e quadril, perda de força, formigamento nas pernas e até mesmo redução da altura corporal.
Depressão
Transtornos psicológicos como depressão e ansiedade também são mais prevalentes no público feminino. Sinais como tristeza persistente, baixa autoestima, alterações na rotina alimentar, insônia, pensamentos negativos e dores sem justificativa clínica podem indicar a ocorrência dessas doenças.
As condições psicológicas devem ser tratadas com a mesma atenção e seriedade que as doenças físicas. Por isso, procure um psicólogo ou clínico geral caso suspeite estar sofrendo de depressão ou ansiedade, por exemplo.
Principais cuidados com a saúde da mulher
Embora cada uma dessas doenças conte com causas, características e tratamentos diferentes, alguns cuidados em comum podem ser adotados a fim de preveni-las e de fortalecer o organismo para enfrentá-las caso seja necessário.
Alimentação saudável
Em primeiro lugar, é importante manter uma dieta balanceada com uma quantidade adequada de frutas, legumes, verduras, proteínas, gorduras, vitaminas e carboidratos. Junto à ingestão de água, esses alimentos podem suprir as necessidades do corpo para mantê-lo forte, resistente e saudável.
Atividades físicas
As atividades físicas também são essenciais no cotidiano de quem busca uma rotina saudável. Em média, cerca de 20 a 30 minutos de exercícios por dia já são suficientes para melhorar o condicionamento físico, aliviar sintomas da TPM e da menopausa e prevenir uma série de doenças.
Exames periódicos
O diagnóstico precoce é uma das principais ferramentas para aumentar a efetividade do tratamento de diversas condições clínicas. Por isso, vale a pena realizar exames preventivos periódicos, como a mamografia e o Papanicolau, sempre que recomendado pelo médico.
Saúde mental em dia
A saúde mental também deve ser incluída na rotina de cuidados. O acompanhamento psicológico, seja ele preventivo ou como parte de um tratamento, é fundamental para manter a qualidade de vida e evitar complicações.
Além disso, a meditação, a prática de yoga e outros gestos de autocuidado podem fazer muita diferença na saúde mental. Se possível, reserve sempre alguns minutos diários para cuidar de você.
Cuidados com a higiene íntima
Algumas doenças e desconfortos podem ser prevenidos ou amenizados com a manutenção de uma rotina adequada de higiene íntima. O segredo é realizar a limpeza diariamente somente na vulva com bastante água corrente. Se desejar, também pode incluir sabonetes, lenços e desodorantes íntimos específicos para intensificar o ritual.
De olho nas ISTs
A melhor forma de prevenir as Infecções Sexualmente Transmissíveis é praticar o sexo seguro usando preservativos e realizando exames preventivos em caso de qualquer suspeita. É possível encontrar camisinhas masculinas e femininas e elas podem ser usadas em conjunto com outros métodos contraceptivos para evitar gravidezes não planejadas.
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Fonte: araujo
