A indicação do ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Jorge Mussi para auditar a recuperação judicial da Americanas causou estranheza entre os magistrados. A escolha foi feita pelo juiz Paulo Assed, da 4ª Vara Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro.
Em 28 de fevereiro, a primeira consultoria escolhida para o trabalho alegou conflito de interesses e desistiu da missão, Assed então nomeou o ex-ministro do STJ. A escolha provocou surpresa, porque Mussi é especialista em direito criminal e não tem experiência nem em Direito privado e questões de natureza contábil, como exige o caso da Americanas.
De acordo com reportagem do jornal O Globo, a nomeação também causou revolta em bancos credores, já que a figura do auditor, embora seja prevista na lei, não é comum em recuperações judiciais. A função é fazer um pente-fino nos relatórios da empresa, para identificar possíveis inconsistências contábeis, além de verificar eventuais violações nas áreas tributária, comercial e penal.
Ainda segundo a reportagem, essa nova investigação teria a finalidade de produzir uma “narrativa oficial” sobre os fatos em apuração — que, conforme o resultado, poderia ser usada pelos acionistas de referência ou pela própria empresa para se contrapor às outras.
No caso da Americanas, já há investigações em curso na Comissão de Valores Mobiliários, na Justiça de São Paulo, na Polícia Federal, no Ministério Público Federal e na própria companhia, que nomeou um comitê independente só para isso.
Fonte: revistaoeste