Sophia @princesinhamt
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Beber refrigerante com limão ou laranja causa câncer?

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Um copo de refrigerante e algumas rodelas de limão ou laranja. Essa seria a receita altamente cancerígena, de acordo com vídeos que viralizaram nas redes sociais nos últimos dias. Segundo os posts, a combinação da presente nas frutas cítricas com um conservante utilizado nessas bebidas formaria um composto tóxico associado ao câncer. Mas isso não é verdade.

A substância perigosa seria o benzeno, que pode causar aceleração dos batimentos cardíacos, dificuldade respiratória, tontura, alterações do estado de consciência, e câncer, de acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer). De fato, o benzeno pode ser encontrado em sucos e refrigerantes, porém, em condições específicas e proporções que não causam prejuízos à saúde. Além disso, a maioria das bebidas vendidas no Brasil não têm a substância.

Como o benzeno chega ao seu copo?

Na indústria, algumas bebidas açucaradas sofrem adição de sais como os benzoatos de cálcio ou sódio, que atuam como conservantes por evitar a proliferação de microrganismos. Desses sais, é derivado o ácido benzoico, ingrediente principal dessa polêmica. O argumento de quem julga como vilãs as frutinhas na bebida é de que o ácido benzoico em contato com o ácido ascórbico (vitamina C) resulta no cancerígeno benzeno.

Porém, essa reação química ocorre quando a bebida conservada com o benzoato já contém na sua composição a vitamina C (que funciona como antioxidante) e é favorecida pela presença de luz solar, ou outra fonte de luz ultravioleta, e calor.

Esse cenário é característico de mau armazenamento do produto: situação em que a bebida que contém esses compostos, a princípio inofensivos, é exposta por longos períodos à luz solar e fora das condições de refrigeração. Nessas circunstâncias, podem ser formadas moléculas de benzeno —mas em pequenas quantidades e abaixo do limite tolerável.

Fake news surgiu de estudo

O artigo científico de pesquisadoras da Fiocruz usado, nas redes sociais, para alertar sobre as frutinhas na bebida, apenas conclui que a combinação desses ácidos (ácido benzoico em contato com o ácido ascórbico) pode gerar o cancerígeno benzoato e põe a mistura em importância de saúde pública.

Não há pesquisas sobre a adição do limão no refrigerante que comprovem a formação de benzeno a partir dessa combinação. A verificação da reação em laboratório não dá condição de afirmar que o mesmo aconteceria no nosso organismo, nas condições normais de consumo.

Refrigerantes do Brasil nem usam substância

A FDA, a agência de regulamentação de medicamentos e alimentos nos Estado Unidos, analisou quase 200 amostras de refrigerantes e outras bebidas comercializadas naquele país e constatou que a maioria registrou níveis de benzeno inferiores a 1,5 ppb (partes por bilhão), ou seja, cerca de 0,0015 mg de benzeno por litro de bebida. Isso é cerca de quatro vezes menor do que o limite permitido no país: 5 ppb na água potável.

Mesmo que não haja exposição ao benzeno considerada segura, a substância é amplamente utilizada em muitos setores produtivos, com alto controle e precaução. A intoxicação está associada a profissionais da indústria e laboratórios de combustíveis derivados de petróleo. Para o público em geral, a forma mais comum é o contato através de exposição ocupacional e pelo ambiente, pela poluição dos gases emitidos por carros e pelo cigarro, por exemplo.

Os estudos da agência americana também apontam a presença do benzeno em bebidas que não tinham vitamina C ou o conservante benzoato, o que sugere que a substância possa constar nos produtos por contaminação nas indústrias, e não pelo resultado da combinação.

No Brasil, a maioria dos refrigerantes não usa benzoato de sódio como conservante, e sim ácido fosfórico e ácido cítrico. O famoso refrigerante de extrato de cola tomado com limão não contém benzeno na fabricação, nem vitamina C e, portanto, não têm sequer os ingredientes necessários para formar quantidades insignificantes de benzeno. O mesmo acontece com um dos populares refrigerantes de guaraná, tomado com laranja, que, apesar de conter benzoato, não possui ácido ascórbico.

Os profissionais ressaltam que o consumo de refrigerantes deve ser feito com moderação. As altas quantidades de açúcares, conservantes e corantes, quando ingeridos em excesso, têm efeito negativo na saúde do corpo.

Fontes: Alexandre de Souza Aguiar, nutricionista e professor na Unifenas (Universidade José do Rosário Vellano), em Minas Gerais; Carla Wanderley Gayoso, médica doutora e professora na UFPB (Universidade Federal da Paraíba); Francyeli Araújo, doutora em nutrição pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e professora da Faculdade Três Marias e da Escola de Ensino Superior do Agreste Paraibano; Guilherme Andrade Marson, doutor e professor no Instituto de Química da USP.

Um copo de refrigerante e algumas rodelas de limão ou laranja. Essa seria a receita altamente cancerígena, de acordo com vídeos que viralizaram nas redes sociais nos últimos dias. Segundo os posts, a combinação da presente nas frutas cítricas com um conservante utilizado nessas bebidas formaria um composto tóxico associado ao câncer. Mas isso não é verdade.

A substância perigosa seria o benzeno, que pode causar aceleração dos batimentos cardíacos, dificuldade respiratória, tontura, alterações do estado de consciência, e câncer, de acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer). De fato, o benzeno pode ser encontrado em sucos e refrigerantes, porém, em condições específicas e proporções que não causam prejuízos à saúde. Além disso, a maioria das bebidas vendidas no Brasil não têm a substância.

Como o benzeno chega ao seu copo?

Na indústria, algumas bebidas açucaradas sofrem adição de sais como os benzoatos de cálcio ou sódio, que atuam como conservantes por evitar a proliferação de microrganismos. Desses sais, é derivado o ácido benzoico, ingrediente principal dessa polêmica. O argumento de quem julga como vilãs as frutinhas na bebida é de que o ácido benzoico em contato com o ácido ascórbico (vitamina C) resulta no cancerígeno benzeno.

Porém, essa reação química ocorre quando a bebida conservada com o benzoato já contém na sua composição a vitamina C (que funciona como antioxidante) e é favorecida pela presença de luz solar, ou outra fonte de luz ultravioleta, e calor.

Esse cenário é característico de mau armazenamento do produto: situação em que a bebida que contém esses compostos, a princípio inofensivos, é exposta por longos períodos à luz solar e fora das condições de refrigeração. Nessas circunstâncias, podem ser formadas moléculas de benzeno —mas em pequenas quantidades e abaixo do limite tolerável.

Fake news surgiu de estudo

O artigo científico de pesquisadoras da Fiocruz usado, nas redes sociais, para alertar sobre as frutinhas na bebida, apenas conclui que a combinação desses ácidos (ácido benzoico em contato com o ácido ascórbico) pode gerar o cancerígeno benzoato e põe a mistura em importância de saúde pública.

Não há pesquisas sobre a adição do limão no refrigerante que comprovem a formação de benzeno a partir dessa combinação. A verificação da reação em laboratório não dá condição de afirmar que o mesmo aconteceria no nosso organismo, nas condições normais de consumo.

Refrigerantes do Brasil nem usam substância

A FDA, a agência de regulamentação de medicamentos e alimentos nos Estado Unidos, analisou quase 200 amostras de refrigerantes e outras bebidas comercializadas naquele país e constatou que a maioria registrou níveis de benzeno inferiores a 1,5 ppb (partes por bilhão), ou seja, cerca de 0,0015 mg de benzeno por litro de bebida. Isso é cerca de quatro vezes menor do que o limite permitido no país: 5 ppb na água potável.

Mesmo que não haja exposição ao benzeno considerada segura, a substância é amplamente utilizada em muitos setores produtivos, com alto controle e precaução. A intoxicação está associada a profissionais da indústria e laboratórios de combustíveis derivados de petróleo. Para o público em geral, a forma mais comum é o contato através de exposição ocupacional e pelo ambiente, pela poluição dos gases emitidos por carros e pelo cigarro, por exemplo.

Os estudos da agência americana também apontam a presença do benzeno em bebidas que não tinham vitamina C ou o conservante benzoato, o que sugere que a substância possa constar nos produtos por contaminação nas indústrias, e não pelo resultado da combinação.

No Brasil, a maioria dos refrigerantes não usa benzoato de sódio como conservante, e sim ácido fosfórico e ácido cítrico. O famoso refrigerante de extrato de cola tomado com limão não contém benzeno na fabricação, nem vitamina C e, portanto, não têm sequer os ingredientes necessários para formar quantidades insignificantes de benzeno. O mesmo acontece com um dos populares refrigerantes de guaraná, tomado com laranja, que, apesar de conter benzoato, não possui ácido ascórbico.

Os profissionais ressaltam que o consumo de refrigerantes deve ser feito com moderação. As altas quantidades de açúcares, conservantes e corantes, quando ingeridos em excesso, têm efeito negativo na saúde do corpo.

Fontes: Alexandre de Souza Aguiar, nutricionista e professor na Unifenas (Universidade José do Rosário Vellano), em Minas Gerais; Carla Wanderley Gayoso, médica doutora e professora na UFPB (Universidade Federal da Paraíba); Francyeli Araújo, doutora em nutrição pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e professora da Faculdade Três Marias e da Escola de Ensino Superior do Agreste Paraibano; Guilherme Andrade Marson, doutor e professor no Instituto de Química da USP.

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