Sophia @princesinhamt
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Quente ou frio? Onde habita a mortalidade? (Parte 1)

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A pergunta não é nova e muito menos a sua resposta. Com o passar dos meses e após o alarde climático do “calor infernal”, tanto na Europa, quanto nos Estados Unidos, propagados pela mídia em 2022, o fato é que agora o hemisfério Norte está no seu inverno 2022-2023 — com a Europa, em especial, saindo prejudicada pelas crises de suprimento de energia. Assim, o fantasma da falta de aquecimento nas residências para resistir ao inverno começa a pairar sobre os países europeus, pelo visto, menos favorecidos pelo “aquecimento ”.

O que será que causa mais óbitos, as temperaturas elevadas ou as baixas? Se considerarmos o ser humano como uma máquina térmica, veremos que o seu desempenho em produzir trabalho não é muito elevado, justamente porque o nosso sistema gasta muita energia para manter a sua temperatura interna ao redor de 36,5ºC. A Biometeorologia, área da Meteorologia que estuda as interações dos seres vivos com a atmosfera, mostra-nos que estamos muito mais preparados para vivermos em condições de valores elevados de temperatura do que em baixos, em outras palavras, a máquina humana sobrevive muito melhor no quente do que no frio.

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Vale aqui também ressaltar que o IPCC (o painel do clima) e outros alarmistas fazem alusão à temperatura do ar média global e sua curva da Gaussiana (Fig.1), algo que não tem nenhum fundamento lógico ou pragmático, justamente porque não vivemos nesta utópica temperatura da média global estática, mas em variações diárias que podem atingir de 10,0ºC a 40,0ºC, conforme a localização geográfica, condições da dinâmica da atmosfera, estação sazonal e muitos outros aspectos.

Nestes termos, já soa como plausível a hipótese de que o frio ocasionaria mais óbitos do que temperaturas mais elevadas. Qualquer avaliação das estatísticas mostrará este fato. Vejamos os dados segundo o artigo publicado em julho de 2021 pelo The Lancet – Saúde Planetária (Vol.5 Ed.7), onde Dr. Zhao e outros trouxeram os registros acumulados de 2000 a 2019 (período este, só lembrando, descrito como “o mais quente dos últimos tempos imemoriais” pela ala alarmista!). Embora o trabalho pretenda partir para modelagem, algo que sempre causa suspeita, a base de dados de inicialização é real. Nestes termos, vejamos as descobertas do trabalho:

  1. Globalmente, 5.083.173 óbitos foram associados às temperaturas não ideais por ano (dentro de uma confiança empírica de 95% entre 4.087.967 a 5.965.520), representando 9,43% de todas as mortes (confiança de 95% entre 7,58 a 11,07);

1.1. Cerca de 4.592.644 óbitos foram relacionados ao frio (8,52% [6,19 a 10,47]); e

1.2. Aproximadamente 490.529 óbitos foram relacionados ao calor elevado (0,91% [0,56 a 1,36]);

  1. Os óbitos também variaram geograficamente, sendo que:

2.1. Cerca de 2.617.322 (51,49%) ocorreram na Ásia, em grande parte, pelo frio;

2.2. A Europa Oriental teve a maior taxa de mortalidade relacionada ao calor elevado;

2.3. África Subsaariana teve a maior taxa de mortalidade relacionada ao frio excessivo;

  1. Dentro do período de estudos de 20 anos, do quadriênio de 2000-2003 ao quadriênio de 2012-2015 as taxas de óbitos por temperaturas não ideais (frio ou quente) praticamente não mudaram, só registrando uma variação mais notável para o quadriênio seguinte de 2016-2019 (Fig.2). No cômputo de todos os períodos, ressaltando o último, tivemos que:

3.1. A taxa global de óbitos em excesso relacionada ao frio mudou em –0,51 pontos percentuais (95% [−0,61 a −0,42]) reduzindo a mortalidade, ou seja, 283 mil óbitos a menos, supostamente devido a temperaturas altas;

3.2. A taxa global de óbitos em excesso relacionada às temperaturas elevadas aumentou 0,21 pontos percentuais (0,13 a 0,31) resultando em 116 mil óbitos a mais;

3.3. No , houve uma redução líquida de óbitos, com maior declínio da mortalidade na região do sudeste asiático, enquanto houve flutuações no Sul da Ásia e na Europa como um todo.

Realizada a sumarização, podemos tecer alguns comentários bastante pertinentes sobre os dados. A pesquisa ainda fez diversas avaliações, mas o âmago do assunto já salta aos olhos. Como bem escreveu Bjorn Lomborg (autor do livro “O Ambientalista Cético” e crítico sobre o tema das “mudanças climáticas” de forma moderada) a verdade e crua é que as informações elencadas no item (1) indicaram que o frio causou oito vezes mais óbitos do que as situações de calor extremo, justamente porque o corpo humano tolera muito menos estas condições.

Na distribuição geográfica, o item (2.1) e (2.3) mostraram que a maior parte dos óbitos ocorreu em regiões bastante desprovidas de , pois envolvem áreas da Ásia muito frias e as regiões africanas, periféricas ao Sul do deserto, que apresentam também noites muito frias. Em ambas as regiões, o acesso às fontes de energia é escasso e não se tem ao que recorrer, exceto talvez lenha ou esterco de animais. Quanto aos óbitos relativos ao calor em excesso do item (2.2), a área da Europa Oriental se destaca das demais regiões, mas os óbitos ainda são menores quando comparados com os relacionados ao frio. Esses casos geralmente atingem a parte da população desprovida de recursos financeiros para solucionarem os problemas de forma doméstica (com equipamentos) ou envolvem pessoas mais idosas, ponto este bastante relevante quando avaliamos o problema por outro prisma – o da idade da população.

Quando observamos os tópicos relacionados ao item (3), não podemos deixar de considerar que dentro do período avaliado, o número de idosos aumentou, pois a pirâmide demográfica indica envelhecimento da população. Em geral, o maior registro de óbitos por causa de eventos meteorológicos de temperaturas elevadas está relacionado com cuidados especiais (e não por “aquecimento global” ou o falso problema das “mudanças climáticas”). Como o corpo humano trabalha melhor em temperaturas mais elevadas do que em baixas, evita-se a morte por calor acentuado hidratando as pessoas, especialmente a população dos mais velhos que simplesmente esquecem ou não sentem a necessidade permanente de hidratação. Estes também são fatos consolidados que são relevados pelos governos, mídia etc. Em especial ao item (3.2), onde se relatou um leve aumento de 0,21 pontos percentuais para os óbitos atribuídos ao calor excessivo, deve-se recordar que dentro do quadriênio de 2016-2019 ocorreu o super El Niño do século XXI, onde tivemos um marco elevado de temperaturas, provavelmente causando alguns efeitos teleconectivos por vários climas regionais do mundo. Este é sim um fenômeno oceânico-atmosférico natural de vulto que pode alterar padrões climáticos em mais de um terço da .

Nesta primeira parte, concluímos que a causa esmagadora dos óbitos ocorridos por ano no mundo, por motivo de temperaturas inadequadas, são referentes aos valores de baixas temperaturas, em especial, no hemisfério Norte. Este problema atinge significativamente parte das populações mais desprovidas de meios eficientes para se protegerem do frio, excluídos de um pacote que envolva energia e tecnologias simples e baratas de emprego imediato. Na sequência, veremos como o acesso à energia é parte fundamental do processo de resolução deste problema. Também ficará claro quais são as formas de energia mais baratas e eficientes que permitem ajudar nesta tarefa e veremos o que os alarmistas acham de toda esta situação, inclusive quando a realidade se contrapõe ao discurso proposto. As surpresas serão chocantes quanto ao desvio da visão desta mesma realidade.

Fonte: revistaoeste

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