Durante o VIII Fórum do PNEFA (Programa Nacional de Vigilância para Febre Aftosa) realizado na manhã desta quinta-feira (27) na sede da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), foram apresentados os diversos avanços e desafios enfrentados pelo setor até a conquista do novo status sanitário livre de febre aftosa. Com o histórico de ações de biosseguridade, representantes do setor pecuário estimam valorização da carne bovina e abertura de novos mercados internacionais.
O evento, que contou com três palestras e um espaço com tira dúvidas, reuniu entidades ligadas à agropecuária, produtores rurais e representantes de associações de produtores de todo o estado.
Durante a primeira palestra com tema “Novo status sanitário e responsabilidades do produtor”, o diretor-presidente da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal), Daniel Ingold apresentou um panorama geral sobre a erradicação da aftosa em Mato Grosso do Sul, e como são organizados os trabalhos realizados pela Iagro em conjunto com os pecuaristas.
Segundo ele, a jornada de erradicação da doença começou em 1992 e passou por muitos desafios até a certificação de “Área livre de aftosa sem vacinação” em maio de 2025, pela OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal). As ferramentas tecnológicas auxiliaram nesse processo e seguem ajudando nas análises de dados, tornando o estado referência em biosseguridade no país.
Ele afirmou que a cooperação entre a entidade e os produtores rurais é essencial para a manutenção do status sanitário animal.
“O produtor tem que ajudar nas notificações e entender quais suas responsabilidades, ele não tem que ter medo de acionar a Iagro. O trabalho é conjunto e o pecuarista entra como fator passivo, essencial para mantermos essa nova certificação.”, explicou.
Em sua fala, o diretor-presidente apresentou dados sobre o Refasa (Reserva Financeira para Ações de Defesa Sanitária Animal), e reforçou a importância deste fundo de investimentos para a indenização de produtores em caso de abate sanitário. O saldo atual é de cerca de R$60 milhões.
PIB
Na segunda palestra com tema “Do MS para o mundo: ações do Governo para acesso de novos mercados”, ministrada pelo secretário da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação do Mato Grosso do Sul), Jaime Verruck, foi exposto o panorama econômico atual e futuro para produção pecuária do estado.
O secretário apresentou dados atualizados do PIB de Mato Grosso do Sul, cotado em R$184,4 bilhões, ficando em 2º no ranking de crescimento do Brasil (13,4%), valor quatro vezes acima da média nacional (3,2%). Cenário consolidado em função da qualidade produtiva do setor agropecuário e industrial.
“O cenário de proteína animal, tem avançado de uma maneira importante no estado, efetivamente, nós temos uma capacidade frigorífica superior à produção. Então muitas vezes ainda precisamos de boi para abastecer esses frigoríficos”, acrescentou.
Ele explicou ainda a importância da diversificação dos mercados internacionais, apesar dos bons negócios firmados com a China, o principal importador de carnes do Brasil.
“Nós temos que melhorar a relação e a estrutura de governança dos contratos com a China, a ideia aqui não é diminuir, mas aumentar os contratos com outros países, diminuindo efetivamente o risco dessa estrutura de produção”, afirmou.
Em 2024, a estrutura das exportações de proteína animal sul-mato-grossense ficou dividida entre carne bovina (75%), carne de frango (21%) e carne suína (3%) e demais proteínas (1%). Com expectativa de aumento da participação dos setores de aves e suínos para os próximos anos.
Expectativas do mercado
Na última palestra com tema “Desafios e oportunidades geopolíticas para a carne do Brasil”, a diretora de Relações Internacionais da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Sueme Mori, expôs as expectativas de mercado para a carne após a nova certificação.
De acordo com ela, o setor observa uma crescente demanda por proteínas brasileiras pela Ásia desde o ano 2000, quando houve uma reformulação dos importadores de produtos brasileiros.
“Em 2000, o Brasil exportou US$20 bilhões em produtos agropecuários, Já em 2023, foi cerca de US$160 bilhões. Isso é o efeito China sobre nosso mercado”.
Ela destacou ainda que as compras feitas pela África também acompanharam esse crescimento, e que diante disso o produtor rural junto às entidades ligadas ao agronegócio precisa observar as oscilações para se posicionar e garantir bons negócios no futuro.
Fonte: primeirapagina






