As buscas no Google feitas pelo Safari, o navegador da Apple usado no iPhone, caíram pela primeira vez na história durante o mês de abril. A revelação foi feita por Eddy Cue, vice-presidente sênior de serviços da Apple, em depoimento à Justiça – ele foi convocado, como testemunha, no processo antitruste que o governo dos EUA move contra o Google.
“Isso nunca aconteceu, em 22 anos”, acrescentou Cue. Ele não discutiu as possíveis razões da queda no uso do Google. Mas o movimento tem dois eixos nítidos: a perda de qualidade do buscador (nos últimos anos, a página de resultados foi ficando cheia de links patrocinados e páginas ruins, que são geradas por IA e/ou usam técnicas de SEO predatório para tentar enganar o Google) e a migração dos usuários para serviços de IA, como o ChatGPT, o Microsoft Copilot ou o Gemini, do próprio Google – cujas respostas não incluem publicidade.
A deterioração da página de resultados do Google também deriva de decisões tomadas pela própria empresa, que colocou a busca por rentabilidade acima da qualidade do serviço. Ela pôde fazer isso porque detinha (e ainda detém) um monopólio do mercado de buscadores.
Esse monopólio é a razão do processo que o Department of Justice (DoJ), do governo americano, está movendo contra o Google. A empresa é acusada de tomar condutas ilegais para impedir a competição nos mercados de buscadores e de publicidade online.
Por exemplo, ela paga US$ 20 bilhões anuais à Apple para que seu buscador seja o padrão no Safari – o que inibe o uso de serviços concorrentes. Também paga uma taxa anual à Fundação Mozilla, mantenedora do navegador Firefox, pela mesma razão.
O DoJ venceu o processo, e agora a Justiça dos EUA irá decidir os próximos passos a serem tomados – que podem incluir a venda do navegador Google Chrome para outra empresa.
O Google publicou uma resposta negando a queda: a empresa afirmou que continua a registrar “crescimento total de buscas”, incluindo “crescimento vindo dos dispositivos e plataformas da Apple”.
A nota diz que os usuários estão acessando o Google “para novas coisas e de novas formas”, “usando a voz ou o [aplicativo] Google Lens”, mas não cita o navegador Safari. Então é possível que ambas as afirmações, tanto a da Apple quanto a do Google, estejam corretas.
A revelação feita por Eddy Cue abalou fortemente as ações da Alphabet, a holding que controla o Google, que caíram 7,3% na última quarta-feira.
Fonte: abril