O mais recente relatório do Instituto do Câncer da França alerta sobre as falsas ideias ligadas ao consumo do vinho. Um dos grandes símbolos do país, a bebida é apresentada até mesmo por políticos como benéfica para a saúde – uma atitude que especialistas contestam.
“O vinho não é um álcool qualquer”: a afirmação de Didier Guillaume, ministro da Agricultura e da Alimentação, no primeiro mandato do presidente francês, Emmanuel Macron, deixou médicos e especialistas em vício boquiabertos em 2019. O próprio chefe de Estado declarou, em 2018, que consome duas taças de vinho por dia, uma no almoço e outra no jantar.
O comportamento dos políticos reflete um pensamento comum na França, onde tende-se a relativizar o perigo do consumo do vinho em relação a outras bebidas alcoólicas. Esse tipo de constatação ajuda a fixar no imaginário coletivo outras ideias. Segundo o Instituto do Câncer da França, 23,5% dos franceses de 15 a 85 anos “acreditam que beber um pouco de vinho ajuda a diminuir o risco de desenvolver uma doença”, embora a ciência aponte para exatamente o contrário.
A reputação do vinho como algo benéfico para a saúde pode ser explicada pelo peso do consumo desta bebida na França, “valorizada pelos representantes do setor viticultor”, aponta o relatório anual do Instituto do Câncer da França, divulgado na segunda-feira (30). Alguns políticos descrevem o vinho como um símbolo da identidade francesa, um pilar do patrimônio gastronômico do país.
Como o vinho adquiriu uma boa reputação
Segundo o relatório, há também um efeito “de geração”. “Algumas bebidas alcoólicas, preferidas por pessoas mais velhas, foram vistas durante muito tempo como medicinais, benéficas para a saúde”, aponta o documento. Ilustração deste comportamento, a francesa Irmã André, de 118 anos, considerada até o início deste ano, quando faleceu, a mulher mais idosa do mundo, frequentemente relacionava sua longevidade à taça de vinho que bebia diariamente no almoço.
Outra ideia rebatida pela comunidade médica é que o vinho, se consumido com moderação, seria bom para o coração. A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que não existe um padrão de consumo de álcool que seja absolutamente seguro.
É verdade que o vinho conta com efeito antioxidante, já que a uva é rica em polifenóis e . No entanto, um estudo publicado em 2018 pela revista The Lancet indicou que beber uma taça de vinho diariamente aumenta o risco de desenvolver câncer e doenças cardiovasculares.
Não é à toa que especialistas alertam que, mesmo consumido com moderação, o vinho não tem nenhum efeito preventivo. Ao contrário da crença, o Instituto do Câncer da França afirma que mesmo uma dose pequena pode ser prejudicial à saúde. “O etanol contido nas bebidas alcoólicas é transformado no organismo em compostos que favorecem o desenvolvimento de cânceres”, afirma a instituição.
Se o vinho fosse efetivamente milagroso, o consumo de álcool não representaria hoje o segundo risco de câncer evitável na França, perdendo apenas para o cigarro. Em 2015, o Instituto de Câncer do país calculou que 41 mil mortes foram relacionadas às bebidas alcoólicas no país, 16 mil delas ligadas ao câncer e 10 mil a doenças cardiovasculares.
Além disso, a ideia de que uma taça de vinho faz bem à saúde também não deve eliminar a hipótese que, por definição, o álcool pode viciar e levar ao . Independentemente do tipo de bebida, trata-se de um consumo alcoólico diário, lembra a Federação do Vício da França.
O mais recente relatório do Instituto do Câncer da França alerta sobre as falsas ideias ligadas ao consumo do vinho. Um dos grandes símbolos do país, a bebida é apresentada até mesmo por políticos como benéfica para a saúde – uma atitude que especialistas contestam.
“O vinho não é um álcool qualquer”: a afirmação de Didier Guillaume, ministro da Agricultura e da Alimentação, no primeiro mandato do presidente francês, Emmanuel Macron, deixou médicos e especialistas em vício boquiabertos em 2019. O próprio chefe de Estado declarou, em 2018, que consome duas taças de vinho por dia, uma no almoço e outra no jantar.
O comportamento dos políticos reflete um pensamento comum na França, onde tende-se a relativizar o perigo do consumo do vinho em relação a outras bebidas alcoólicas. Esse tipo de constatação ajuda a fixar no imaginário coletivo outras ideias. Segundo o Instituto do Câncer da França, 23,5% dos franceses de 15 a 85 anos “acreditam que beber um pouco de vinho ajuda a diminuir o risco de desenvolver uma doença”, embora a ciência aponte para exatamente o contrário.
A reputação do vinho como algo benéfico para a saúde pode ser explicada pelo peso do consumo desta bebida na França, “valorizada pelos representantes do setor viticultor”, aponta o relatório anual do Instituto do Câncer da França, divulgado na segunda-feira (30). Alguns políticos descrevem o vinho como um símbolo da identidade francesa, um pilar do patrimônio gastronômico do país.
Como o vinho adquiriu uma boa reputação
Segundo o relatório, há também um efeito “de geração”. “Algumas bebidas alcoólicas, preferidas por pessoas mais velhas, foram vistas durante muito tempo como medicinais, benéficas para a saúde”, aponta o documento. Ilustração deste comportamento, a francesa Irmã André, de 118 anos, considerada até o início deste ano, quando faleceu, a mulher mais idosa do mundo, frequentemente relacionava sua longevidade à taça de vinho que bebia diariamente no almoço.
Outra ideia rebatida pela comunidade médica é que o vinho, se consumido com moderação, seria bom para o coração. A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que não existe um padrão de consumo de álcool que seja absolutamente seguro.
É verdade que o vinho conta com efeito antioxidante, já que a uva é rica em polifenóis e . No entanto, um estudo publicado em 2018 pela revista The Lancet indicou que beber uma taça de vinho diariamente aumenta o risco de desenvolver câncer e doenças cardiovasculares.
Não é à toa que especialistas alertam que, mesmo consumido com moderação, o vinho não tem nenhum efeito preventivo. Ao contrário da crença, o Instituto do Câncer da França afirma que mesmo uma dose pequena pode ser prejudicial à saúde. “O etanol contido nas bebidas alcoólicas é transformado no organismo em compostos que favorecem o desenvolvimento de cânceres”, afirma a instituição.
Se o vinho fosse efetivamente milagroso, o consumo de álcool não representaria hoje o segundo risco de câncer evitável na França, perdendo apenas para o cigarro. Em 2015, o Instituto de Câncer do país calculou que 41 mil mortes foram relacionadas às bebidas alcoólicas no país, 16 mil delas ligadas ao câncer e 10 mil a doenças cardiovasculares.
Além disso, a ideia de que uma taça de vinho faz bem à saúde também não deve eliminar a hipótese que, por definição, o álcool pode viciar e levar ao . Independentemente do tipo de bebida, trata-se de um consumo alcoólico diário, lembra a Federação do Vício da França.