Ataque começou ao entardecer com rifle em mãos
Ver essa foto no Instagram
Eram cerca de 18h30, horário local, quando Tamura estacionou um BMW em frente ao 345 Park Avenue. As câmeras de segurança mostram o momento em que ele desce do carro, empunhando um rifle M4, e avança com firmeza em direção ao prédio. Não há hesitação nos passos. Como se seguisse um roteiro meticulosamente ensaiado, ele entra e começa a atirar.
A primeira vítima foi o policial Didarul Islam, de 36 anos, imigrante de Bangladesh e membro do Departamento de Polícia de Nova York há pouco mais de três anos. Islam estava de folga e foi atingido logo na entrada, sem chance de reagir. Em seguida, uma mulher que tentava se abrigar atrás de uma divisória foi atingida. No saguão, um segurança e outro homem também foram alvejados.
Testemunhas relataram pânico, gritos e correria. Muitos se esconderam em banheiros e salas de reunião, enquanto o sistema interno do prédio emitia alertas de segurança. O atirador, então, subiu até o 33º andar, onde disparou contra mais uma pessoa antes de tirar a própria vida.
vítimas e feridos: luto em diferentes setores
Entre os mortos está um executivo da Blackstone, cuja identidade ainda não foi divulgada, de acordo com o jornal New York Times. A empresa confirmou que outros funcionários foram feridos e levados para hospitais próximos. A NFL, que também ocupa parte do prédio, informou que um de seus colaboradores foi atingido e se encontra em condição estável.
A morte do policial Islam tocou profundamente a comunidade imigrante de Nova York. Ele era conhecido por sua dedicação à profissão e por sua ligação com a comunidade bengalesa local. Em sua conta oficial, o NYPD prestou homenagem ao agente, descrevendo-o como “um herói mesmo fora de serviço”.
Uma quarta vítima segue internada em estado crítico. Os demais feridos, segundo informações preliminares, não correm risco de vida, mas seguem em observação.
Autor do ataque: histórico de distúrbios mentais e uma jornada até o leste
Shane Devon Tamura não tinha histórico criminal grave, mas registros médicos mostram episódios anteriores de instabilidade mental. A polícia acredita que ele tenha cruzado o país de carro, saindo de Las Vegas rumo a Nova York nos dias que antecederam o ataque.
Um bilhete encontrado no carro do atirador levantou um possível motivo: Tamura mencionava problemas de saúde mental que, segundo ele, teriam se originado de lesões relacionadas ao futebol americano. Essa referência chamou atenção dos investigadores, dado que o prédio abriga a sede da NFL. Não há confirmação oficial de que o ataque tenha sido direcionado à liga esportiva, mas essa pista será uma das linhas de investigação.
O prédio e suas conexões com o poder global
O edifício 345 Park Avenue não é apenas um arranha-céu comercial. É uma espécie de torre de comando do capital global. Abriga escritórios da Blackstone — a maior gestora de ativos alternativos do mundo —, da NFL, da consultoria KPMG, do Bank of America, além do consulado-geral da Irlanda e da administradora Rudin Management.
O local é altamente seguro, com vigilância interna e acesso controlado, o que não impediu que a tragédia se desenrolasse em poucos minutos. O ataque acende um alerta sobre segurança em edifícios corporativos de alto perfil e reabre o debate sobre o controle de armas e a saúde mental nos Estados Unidos.
Resposta das autoridades e investigação em andamento
O prefeito Eric Adams lamentou o ocorrido e pediu união: “Mais uma vez perdemos vidas para uma tragédia que poderia ter sido evitada. Nova York chora por cada uma dessas vítimas e suas famílias”.
O FBI foi acionado e acompanha o caso junto ao NYPD e à Polícia Estadual de Nova York. A principal linha de investigação, até agora, considera que Tamura agiu sozinho e de forma premeditada. Câmeras de segurança, registros de hospedagem e movimentações em Las Vegas estão sendo analisadas para entender o que motivou essa escalada de violência.
Repercussão e impacto psicológico
A cidade amanheceu em choque. Funcionários das empresas atingidas receberam orientação para trabalhar de casa nesta terça-feira. Uma barreira policial isolou o quarteirão e o saguão do prédio será reaberto apenas após perícia completa e reavaliação da segurança.
Especialistas em comportamento humano alertam para o impacto psicológico em quem presenciou o ataque. “Mesmo quem não foi ferido fisicamente pode carregar traumas duradouros”, explica a psicóloga norte-americana Laura Benjamin. Grupos de apoio e equipes de emergência emocional estão sendo enviados às empresas envolvidas.
Uma dor que se repete
Este não é um episódio isolado. Em 2024, os Estados Unidos já registraram mais de 300 tiroteios em massa. A cada nova tragédia, famílias são destruídas, comunidades entram em luto e perguntas sem resposta se acumulam. Até quando?
Enquanto o debate político se arrasta entre interesses da indústria armamentista e defensores de leis mais rígidas, vidas continuam sendo perdidas. E o que deveria ser exceção, já se tornou rotina dolorosa.
Fonte: cenariomt