A China anunciou nesta sexta-feira, 20, que vai impor controles de exportação de grafite, um material que é usado em baterias de veículos elétricos.
A restrição imposta pela China é uma reação às sanções comerciais que os Estados Unidos anunciaram na quarta-feira 18, que buscam limitar a venda e exportação de chips de inteligência artificial (IA) norte-americanos para os chineses.
Atualmente, a China domina as cadeias globais de abastecimento do mineral, e com a nova restrição, vai exigir licenças especiais de exportação para três tipos de grafite. A informação é do Ministério do Comércio e da Administração Geral das Alfândegas.
As novas medidas, que buscam limitar as exportações de grafite, foram introduzidas por razões de “segurança nacional”, de acordo com a China. Essas medidas devem agravar as tensões entre Pequim e Washington.
Atualmente, a China é de longe o maior processador de grafite natural, e gerou aproximadamente 70% de todo o grafite sintético do mundo no ano passado.
Medidas novas são reação a restrições recentes dos EUA
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou, na quarta-feira 18, novas regras que buscam limitar as exportações e vendas de chips de IA para a China.
“Os EUA constantemente exageram no conceito de segurança nacional”, afirmou o ministro de Comércio da China, Wang Wentao. “Abusam das medidas de controle de exportação e recorrem a atos de intimidação unilaterais, com os quais a China está fortemente insatisfeita e a que se opõe firmemente.”
Embora a Casa Branca não tenha dito nada a respeito, o Japão reagiu aos anúncios chineses.
O secretário-chefe de gabinete do Japão informou que iria verificar se essas restrições da China estavam de acordo com a Organização Mundial do Comércio, além de outras regras internacionais.
Já existem restrições sobre a exportação de grafite, introduzidas em 2006, e depois do anúncio chinês, nesta manhã, executivos e empresários do setor afirmam que as medidas podem colocá-los em uma “trajetória ascendente internacionalmente”.
Os preços do grafite caíram 30% desde o início do ano e, em julho, Pequim anunciou restrições semelhantes ao gálio e ao germânio.
Ambos os metais são utilizados numa série de indústrias estratégicas, incluindo veículos eléctricos, microchips e alguns sistemas de armas militares.
Essas restrições não tiveram grande impacto no setor desde então, devido ao fato de que os fabricantes não chineses normalmente detêm reservas desses metais.
As novas regras vão exigir que as empresas obtenham licenças adicionais, o que não equivale a uma proibição, mas cria incerteza para as indústrias dependentes dos produtos chineses e exige a entrega de informações comerciais confidenciais.
Importância do grafite para o cenário mundial
O grafite é o material mais usado no lado anódico das baterias de íons de lítio devido ao seu custo relativamente baixo, alta densidade de energia e estrutura estável.
“Toda a indústria de baterias automotivas depende de ânodos, e quase todos eles vêm da China”, disse um executivo do ramo. “Não é que o resto do mundo não consiga alcançá-la, eles podem, mas isso não acontecerá da noite para o dia.”
As ações do China Graphite Group listadas em Hong Kong subiram 10,7% nesta sexta-feira, 20, depois do anúncio.
Fonte: revistaoeste