Toca-fitas, fitas VHS, teletexto e até o icônico Game Boy estão de volta à moda. Em 2025, o novo álbum de Taylor Swift, Life of a Showgirl, será lançado também em fitas cassete, além das versões digitais e em vinil. As mídias retrô, aparentemente esquecidas há décadas, ganharam um novo fôlego e, com elas, toda uma indústria de restauração e modificação de tecnologias antigas.
De acordo com uma pesquisa da Smart Energy GB com 2.000 residentes do Reino Unido, um quarto dos entrevistados ainda possui fitas cassete e tocadores de MP3 antigos, enquanto um em cada cinco não tem pressa em se desfazer de sua coleção de VHS. Além disso, um terço dos participantes admitiu que continua usando esses dispositivos ocasionalmente. Televisores com teletexto também apareceram na lista das tecnologias favoritas do passado.
Entusiastas criam comunidades inteiras em torno de gadgets retrô. O programador Luke Malpass, por exemplo, transformou sem querer seu hobby em negócio: começou repintando gabinetes de Game Boy e, com o tempo, passou a montar versões “de luxo” dos consoles, com tela, som e bateria aprimorados, mas preservando processadores e placas originais. Hoje, ele vende Amiga 1200 e Game Boy restaurados com design exclusivo para clientes no mundo todo.
No canal VintNerd, no YouTube, Steve Vincent apresenta projetos como o Fujinet — um dispositivo de código aberto que adiciona suporte a Wi-Fi e uma pilha TCP/IP completa a sistemas de 8 bits. Impressão 3D, computadores de placa única e fóruns on-line ativos tornaram a modificação muito mais acessível, bastando algumas peças e um ferro de solda.
Mas a onda retrô também traz seus riscos. O escritor americano Grafton Tanner observa que o boom do vinil tornou o formato caro e inacessível para muitos jovens. Segundo ele, a nostalgia muitas vezes transforma objetos antigos em símbolos de status. Algo semelhante ocorre com câmeras fotográficas retrô: Adam Fuerst, cofundador da Retrospekt, afirma que os preços dos modelos da era Y2K estão subindo rapidamente. Para equilibrar, sua empresa mantém 40 funcionários que desmontam dispositivos antigos, aproveitam peças remanescentes e criam novos corpos por moldagem por injeção.
O fascínio pelos eletrônicos antigos não é apenas emocional, mas também prático. Consoles das décadas de 1970 e 1980 continuam funcionando após décadas, enquanto smartphones modernos raramente duram mais do que alguns anos. Dispositivos mais antigos costumam ser mais confiáveis e fáceis de consertar, já que eram montados em elementos com furos passantes, em vez de placas multicamadas produzidas por robôs, praticamente impossíveis de reparar.
Michelle Diederich, organizadora do Vintage Computer Festival, na Califórnia, destaca que a tecnologia retrô atrai tanto quem se lembra do Commodore 64 quanto jovens que não viveram a era do Game Boy, mas querem “reviver a nostalgia de outra geração”. Para ela, os dispositivos antigos têm personalidade, ao contrário dos gadgets modernos, que parecem todos iguais. É difícil imaginar que, em vinte anos, alguém terá tanto entusiasmo ao lembrar de laptops produzidos em massa e sem identidade.
Segundo os entusiastas, o modding e as comunidades que giram em torno da tecnologia retrô garantem que esses dispositivos antigos continuem despertando interesse. Ainda assim, a segurança de consoles e equipamentos vintage segue como uma questão importante. A grande dúvida que permanece é: haverá espaço no futuro para a nostalgia de smartphones e laptops atuais, ou o culto ao passado continuará eternamente ligado ao Atari, ao Amiga e às fitas cassete?
Fonte: cenariomt