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Tarifaço de Trump prejudica pecuaristas de MT: frigoríficos suspendem compras, prejuízo de US$ 1 bilhão

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O tarifaço de 50% anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos importados do Brasil pode causar um prejuízo bilionário aos pecuaristas de Mato Grosso nos próximos seis meses.

A estimativa é do presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Oswaldo Pereira, que vê a medida com “muita preocupação”, principalmente pelo impacto direto nas exportações de carne bovina para o mercado norte-americano.
Apesar da taxação não se restringir à carne, o setor pecuário está entre os mais vulneráveis, já que os Estados Unidos se tornaram, nos últimos anos, um dos principais destinos da proteína brasileira.
“Só no primeiro semestre, a exportação de carne para os Estados Unidos movimentou quase 1 bilhão de dólares. Se o segundo semestre for travado por causa da tarifa, a perda pode passar de 1 bilhão de dólares. Isso impacta demais o mercado”, avaliou.
Ele lembrou que, embora o mercado americano represente cerca de 3% das exportações totais de carne de Mato Grosso, o volume vinha crescendo aceleradamente.
“Eles começaram comprando 20 mil toneladas por ano e hoje já são quase 300 mil toneladas. Isso foi crescendo contra a vontade deles, mas por necessidade do nosso produto. Agora, se mudar de repente, vamos sofrer muito”, alertou.
O represamento da carne pode afetar diretamente o mercado interno, pressionando a arroba do boi para baixo e reduzindo a margem de lucro dos produtores.
“Essa carne exportada é o nosso excedente. Se ela não sair, vai voltar para o mercado interno. O preço da carne para o consumidor não deve cair, mas o da arroba, sim. E isso prejudica diretamente o produtor”, explicou.
Os impactos, segundo a Acrimat, já começaram a ser sentidos.
“Hoje os frigoríficos já pararam as compras. Estão alongando as escalas de abate para 20, 30 dias. Isso é muito grave, porque estamos em período de seca, e o produtor precisa vender o gado antes que ele perca peso. Essa insegurança prejudica toda a cadeia”, afirmou.
Além da pressão nos preços, há o temor de aumento no desemprego no campo e nos frigoríficos.
“Com menos abate, se contrata menos. E isso afeta diretamente quem está nas fazendas e nas indústrias. As ações dos frigoríficos já caíram. A previsão é de que, quando as compras forem retomadas, o valor da arroba já venha bem abaixo. Falam em queda de R$ 300 para R$ 250, o que nos traz de volta aos preços de dois anos atrás”, comentou.

 

Fonte: Olhar Direto

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