A sobrecarga de trabalho é um inimigo silencioso da produtividade e da saúde. Embora cada posição tenha exigências, quando estas ultrapassam a capacidade das pessoas, é um sinal de alerta.
Pamela Salas, coach de carreira no The Career Counselors, afirma que, embora existam picos de alta demanda, o problema é quando a sobrecarga de trabalho se torna parte do dia a dia dos trabalhadores.
“Também quando se trata de horários estendidos, pessoas trabalhando depois do horário estabelecido e até os fins de semana, isso é uma sobrecarga de trabalho”, destaca.
Cargas de trabalho excessivas são mais comuns do que parecem. De acordo com o último Relatório de Risco Psicossocial, elaborado pela Mercer Marsh, 43% dos trabalhadores têm sobrecarga de trabalho.
Enquanto isso, Hermes Cruz, diretor de Recursos Humanos do 4U TALENT Monterrey Chapter, explica que a sobrecarga também ocorre quando uma organização não oferece os equipamentos necessários para realizar suas tarefas. “Uma pessoa que não tem os recursos ou apoio para desempenhar sua função e as tarefas adicionais, é sobrecarga de trabalho”.
“A carga de trabalho é um risco quantitativo e qualitativo que não depende apenas da quantidade de trabalho, mas também dos níveis de responsabilidade depositados em algumas áreas, da capacitação para executar atividades e do apoio que recebem de seus co-responsáveis”, explica Mercer Marsh.
Além disso, os especialistas concordam que o excesso de trabalho também é um sinal de má organização das empresas, bem como equipamentos incompletos e falta de priorização.
As jornadas de trabalho e as cargas excessivas são fatores de risco psicossocial que podem prejudicar a saúde mental.
Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que a sobrecarga de trabalho e o excesso de horas de trabalho estão ligados a 750.000 mortes anuais em todo o mundo.
Eles destacam que os horários de trabalho e as cargas excessivas estão associadas agora a sono reduzido e de má qualidade, além de problemas com a vida profissional e familiar que contribuem para aumentar o nível de estresse e cansaço.
“Devido à sua prolongada exposição às demandas de trabalho, os colaboradores experimentarão uma maior necessidade de recuperação, juntamente com uma oportunidade reduzida de alcançar essa recuperação e estar bem”, apontam os organismos internacionais.
Enquanto Pamela Salas indica que a sobrecarga de trabalho gera um afeto nas pessoas quando param de comer em suas horas, não realizam outras atividades como exercícios, se afastam de seus familiares e, acima de tudo, veem maiores impactos em sua saúde.
Nesse sentido, Hermes Cruz comenta que a sobrecarga se traduz em maior absenteísmo e baixas derivadas do estresse. “Há mais reclamações de que estão carregando a mão de um trabalhador mais do que de outro, e isso deve ser dada atenção e atendimento para evitar maiores problemas”.
A importância da comunicação
Pamela Salas recomenda que as pessoas conversem com seus chefes quando detectarem que as cargas de trabalho estão afetando não apenas sua dinâmica de trabalho, mas também aspectos pessoais.
“É importante que eles possam falar sobre isso e colocar uma parada. Há pessoas que simplesmente acabam demitindo-se, mas eu diria que é preciso conversar com os gerentes de área, porque quando se fala, você pode fazer mudanças favoráveis”, diz o especialista.
Hermes Cruz, concorda com a importância da comunicação efetiva, já que às vezes os chefes não detectam imediatamente uma carga de trabalho desproporcional até que a pessoa se demita ou apresente danos à saúde.
“É bom que alguém como gerente ou diretor nos diga, que se fale. Outro ponto é a frequência com que uma empresa avalia as cargas de trabalho em sua força de trabalho, pois isso ajuda a prevenir o estresse no trabalho e o esgotamento entre os trabalhadores”, comenta.
Fonte: cenariomt