A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) deu um passo importante para fortalecer a vigilância contra um dos maiores inimigos da saúde pública durante o período de estiagem em Mato Grosso: a poluição do ar.
A pasta iniciou a instalação de uma nova rede de sensores de material particulado, expandindo o monitoramento para oito novos municípios do interior. O objetivo é medir, em tempo real, o impacto da fumaça oriunda de queimadas e incêndios florestais na qualidade do ar que a população respira.
Até então, apenas Cuiabá e Várzea Grande contavam com equipamentos semelhantes. Agora, os municípios de Barão de Melgaço, Poconé, Barra do Bugres, Primavera do Leste, Pontes e Lacerda e Campo Novo do Parecis já receberam os novos sensores.
A previsão é que São Félix do Araguaia, Rondonópolis, Barra do Garças, Guarantã do Norte e Nova Mutum também sejam contemplados ainda este ano, criando uma malha de vigilância mais robusta em todo o estado.
Tecnologia de ponta e acesso público
Os sensores, da marca Purple Air, foram adquiridos por meio de recursos do Mutirão de Conciliação Ambiental. A instalação conta com o apoio técnico de importantes parceiros, como o Programa de Pós-Graduação em Física Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e o Instituto de Proteção da Amazônia (IPAM).
Uma das grandes vantagens da nova rede é a transparência. Os equipamentos realizam o monitoramento em tempo real, com leituras a cada cinco minutos, e os dados brutos já podem ser acessados gratuitamente por qualquer cidadão através do mapa interativo no site map.purpleair.com.
Por padrão, a plataforma utiliza o índice de qualidade do ar da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA/EUA), mas os dados podem ser convertidos para o padrão nacional.
O perigo invisível da fumaça
O foco dos sensores é o material particulado, um conjunto de partículas sólidas e líquidas suspensas no ar, geradas por fontes como chaminés, veículos e, principalmente, pelas queimadas.
As partículas menores (com diâmetro inferior a 2,5 micrômetros) são as mais perigosas, pois conseguem penetrar profundamente nas vias respiratórias, chegar à corrente sanguínea e causar ou agravar doenças cardíacas e respiratórias, como asma, bronquite e até infartos.
O monitoramento preciso dessas partículas é fundamental para que órgãos como a Defesa Civil e a Saúde possam emitir alertas e orientar a população, especialmente os grupos mais vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas.
Futuros passos e ações integradas
Além da nova rede, a Sema planeja lançar em breve um site próprio com boletins diários sobre a qualidade do ar, seguindo as diretrizes da nova Resolução Conama nº 506, de 2024. Nessa plataforma, também serão divulgados dados de outros poluentes monitorados em Cuiabá e Várzea Grande, como dióxido de enxofre (SO₂), óxidos de nitrogênio (NOₓ), monóxido de carbono (CO) e ozônio (O₃).
Fonte: primeirapagina