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Saúde em Campo Grande: Caos por Falta de Remédios, Insumos e Exames

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Por meio de nota pública, o CRM-MS (Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul) manifestou preocupação, quanto ao desabastecimento de medicamentos, insumos básicos nas unidades de urgência e emergência, e falta de exames na rede pública de saúde de Campo Grande. 

De acordo com o órgão, a situação foi descoberta após inúmeras vistorias nas unidades de saúde, que constataram baixo estoque ou completa falta de remédios nas prateleiras, como aqueles que são considerados indispensáveis para o funcionamento de plantões. 

Além disso, o conselho notou a escassez de insumos fundamentais para o exercício dos profissionais, como luvas, lençóis, cânulas, entre outros itens. 

“A situação é ainda mais agravada pelo recente decreto que suprimiu gratificações dos servidores da saúde, em especial dos médicos da rede municipal, medida que fragiliza as condições de trabalho, desestimula a permanência de profissionais na rede pública e compromete diretamente a qualidade da assistência prestada à população”, destacou a nota. 

Problema generalizado

Além da falta de medicação, a população tem encontrado desafios para conseguir realizar exames importantes. Uma dela é a Dona Nair, que de 22 pedidos, não conseguiu realizar 10 na UBS (Unidade Básica de Saúde) da Vila Carlota. 

Quando questionado, um funcionário do posto informou que chegou a ligar para a Central de Laboratório, mas foi informado que o problema não é questão de vaga, mas sim, falta de insumos. 

“Ou seja, o que está acontecendo, cadê o nosso dinheiro?”, questionou o aposentado Luiz Carlos Junker, irmão de dona Nair. No bairro Universitário, o problema tem sido a falta de medicamentos. 

“Muitos médicos estão comprando muitos medicamentos, estão comprando insumos para que eles possam continuar trabalhando. Porque se eu não tiver esses medicamentos, se eu não tiver esses insumos, a população vai sofrer. Fora isso, nós também não temos vagas em leitos hospitalares, o paciente tem que ficar um bom tempo dentro do UPA, sem a medicação”, disse Rosemeire Árias, vice-presidente do Sinmed (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul). 

Problema financeiro

Ao Conselho Municipal de Saúde, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que enfrenta problemas financeiros. Além disso, fornecedores que prestam serviços à prefeitura enfrentam dificuldade em receber os pagamentos desde outubro de 2024.

“Nós realmente estamos num colapso total com relação à saúde aqui em Campo Grande. […] Isso tem gerado um problema cada vez maior, porque aí deixa-se de pagar cada vez mais fornecedores, os fornecedores têm deixado de entregar para a secretaria, e isso a gente sabe, não é segredo para ninguém. E aí, com a falta dessa entrega dos fornecedores, os insumos têm ficado cada vez mais escassos”, afirmou o coordenador do Conselho Municipal de Saúde, Jader Vasconcelos. 

Ao ser questionada pela reportagem, a Sesau afirmou que não faltam medicamentos em Campo Grande. Segundo a secretaria, o abastecimento de remédios e insumos segue em andamento e deve atingir 90% de reposição até a próxima quinzena. 

O órgão frisou, também, que os estoques são monitorados constantemente e que medidas como a aceleração de licitações estão sendo adotadas para evitar novos desabastecimentos. 

Problema também é de leitos

No Hospital São Julião, uma ala inteira está vazia, após o fim do convênio com prefeitura e estado, que não foram renovados. 

“Do mês passado pra cá houve uma baixa de 25 leitos dentro do Hospital São Julião, pelo vencimento de dois convênios que não foi renovado. Nós estamos negociando em tratativas tanto com a prefeitura quanto com o estado já há algum tempo, sobre a continuidade dessa oferta. Mas infelizmente a gente não teve sucesso e hoje nós tivemos que fechar essa oferta”, disse Jéssyka Mendes, superintendente de gestão do hospital São Julião. 

Em nota, a Sesau alegou que Campo Grande conta com 1.771 leitos hospitalares, entre enfermarias, UTIs e outras modalidades. Ainda conforme a pasta, 10 leitos e UTI adulto e 34 de enfermaria estão disponíveis por contratualização no Hospital do Câncer. 

Outros 20 leitos de UTI adulto e 56 enfermarias estão sendo disponibilizados no Hospital do Pênfigo. Já no hospital São Julião são 118 leitos de enfermaria e 23 de hospital dia. 

Porém, de acordo com a superintendente do São Julião, os dados que constam no cadastro nacional estão desatualizados, pois, no momento, são 85 leitos disponíveis na unidade. 

“Nós temos ao todo 193 leitos leitos de internação clínica e hoje o que nós temos contratualizados, com o estado ou município, são apenas 85. Então nós estamos admitindo esses pacientes que estão ou em um hospital de grande porte ou na UPA, somente nesses 85 leitos. […] A gente recebe inúmeros pedidos de vagas todos os dias e nós estamos tendo que negar a admissão desses pacientes pela falta do contrato vigente”, relatou. 

A SES (Secretaria Estadual de Saúde) foi procurada, mas não retornou até a publicação desta matéria. 

Fonte: primeirapagina

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