O Grupo de Trabalho Interinstitucional (GTI) sobre a Cracolândia divulgou seu relatório final após meses de escutas e visitas de campo realizadas entre 2023 e 2024. O material reúne diagnósticos e recomendações para o poder público, com base na experiência direta de quem vive e atua na região.
Coordenado pelo deputado estadual Eduardo Suplicy e pela vereadora Luna Zarattini, o GTI promoveu sete reuniões para discutir planos de ação, ouvir representantes públicos, sociedade civil, comerciantes e moradores. A assessora Amanda Amparo destacou que é o estudo mais amplo já feito sobre o tema, qualificando-o como “absolutamente inovador”.
Entre os principais pontos, o relatório identifica o racismo estrutural como fator central para entender a formação e manutenção da chamada cena de uso. Segundo Amanda, há uma predominância de pessoas negras na região, resultado de um histórico de preconceito racial que precisa ser reconhecido de forma institucional em todas as políticas públicas.
O promotor Arthur Pinto Filho, membro do GTI, alertou para o agravamento das condições na Cracolândia, denunciando violência policial, internações forçadas e a dispersão sem planejamento das pessoas em situação de rua. Ele criticou a falta de infraestrutura básica, como banheiros e água potável, e ressaltou que espalhar o fluxo não significa resolver o problema.
O relatório propõe uma política transversal, que vá além do combate ao uso de substâncias psicoativas e considere questões como moradia, saúde, assistência social e segurança. Amanda Amparo explicou que sem habitação não há como garantir tratamentos efetivos ou melhorias na qualidade de vida. Ela defendeu uma estratégia de redução de danos como caminho mais eficaz, permitindo que mesmo quem continue usando substâncias consiga se reintegrar socialmente.
O documento, resultado de um esforço coletivo entre parlamentares, pesquisadores, organizações sociais e afetados diretos, busca servir como ferramenta para uma resposta mais consistente, humanizada e efetiva para a crise na região central de São Paulo.
Fonte: cenariomt
