Enquanto as máquinas trabalham a todo vapor na semeadura da safra 25/26, muitos produtores rurais de Mato Grosso não apenas acompanham o ritmo do campo, mas também dedicam atenção especial às boas práticas agrícolas e à responsabilidade ambiental. Esse compromisso é realidade para os agricultores que participam do programa Gente que Produz e Preserva, coordenado pela Associação Clube Amigos da Terra (CAT Sorriso). Na última safra, 54 fazendas receberam o selo de certificação da Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS, na sigla em inglês para Round Table on Responsible Soy), totalizando 684 mil toneladas de soja produzidas em 290 mil hectares.
Um exemplo inspirador é a GFO Agrícola, que possui áreas de produção em Lucas do Rio Verde e Nova Maringá. Integrante do programa na última safra, a empresa colheu 630 mil sacas de soja certificadas. “Para nós, a certificação é muito mais do que um selo. Quando a auditoria externa confirma que está tudo correto, isso fortalece a equipe e mostra que estamos no caminho certo”, explica Fabiane Cristina de Oliveira, diretora financeira da GFO.
Mesmo que a auditoria oficial só aconteça no próximo ano, a equipe da GFO já mantém registros detalhados desde o início da safra. Um exemplo desse cuidado é o controle rigoroso do uso de diesel nas máquinas agrícolas, combustível que contribui para a emissão de gases de efeito estufa. “Fazemos acompanhamento máquina por máquina para garantir que o consumo seja racional”, afirma Fabiane. Esse é apenas um dos 108 critérios avaliados para a certificação, que se dividem em cinco princípios: responsabilidade ambiental, boas práticas agrícolas, conformidade legal, boas práticas empresariais, condições de trabalho e respeito às comunidades locais.
O trabalho vai além das fazendas. A equipe do CAT Sorriso atua como gestora e consultora, orientando os produtores na organização de documentos, imagens de satélite, licenças e registros necessários. “Nos antecipamos às auditorias externas para que tudo esteja pronto e organizado quando chegar a hora da avaliação”, explica Júlia Ferreira, gestora de Certificação do CAT Sorriso.
A auditoria da última safra, conduzida por uma certificadora independente, ocorreu entre maio e junho e foi finalizada em outubro. Desde então, os produtores iniciaram a nova safra registrando detalhes como o uso de diesel, aplicações de defensivos agrícolas e controle de embalagens de produtos químicos, mantendo a consistência e a transparência do processo.
Cuidado com os trabalhadores e a comunidade
A certificação não se limita ao meio ambiente; ela também valoriza o ser humano. Nas fazendas da GFO Agrícola, os alojamentos são modernos e confortáveis, com quartos climatizados que acomodam, no máximo, três pessoas, cada uma com guarda-roupa individual. A alimentação oferecida aos trabalhadores segue rigorosos padrões de saúde e bem-estar, supervisionada por uma engenheira de alimentos responsável pelo armazenamento e seleção dos ingredientes. “Atuamos há 35 anos e nunca tivemos nenhuma ação trabalhista”, orgulha-se Fabiane.
O compromisso social da empresa também se estende à comunidade local. Sempre que possível, os produtores priorizam compras no comércio local e oferecem vagas de emprego a moradores da região. No distrito de Brianorte, em Nova Maringá, essa prática é rotina: “Divulgamos as oportunidades na rádio local porque queremos contratar pessoas que conheçam a região e compartilhem da realidade do lugar”, completa Fabiane.
Sustentabilidade que gera resultados
A adoção de práticas responsáveis também se traduz em bônus financeiros para os produtores. Cada tonelada de soja certificada gera um crédito negociado na plataforma internacional da RTRS. O grupo coordenado pelo CAT Sorriso representa 9% de todos os créditos negociados mundialmente. Na safra 2024/25, já houve vendas para países como Argentina, Holanda e Alemanha, e, nos últimos dez anos, os bônus pagos a produtores mato-grossenses somaram R$ 11 milhões.
“A certificação RTRS é reconhecida internacionalmente e comprova que nossa soja segue padrões rigorosos de responsabilidade ambiental e social, atendendo à demanda de mercados cada vez mais conscientes”, destaca Júlia Ferreira.
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Fonte: cenariomt






