O déficit de armazenagem alcança o volume recorde de 52,60 milhões de toneladas e escancara um gargalo logístico histórico no maior produtor de grãos do país.
O problema não é novo. Desde a safra 2010/2011, quando a capacidade de estocagem ainda atendia à demanda, a produção de grãos em Mato Grosso cresceu, em média, 9,89% ao ano. Já a expansão da capacidade de armazenagem ficou limitada a 4,25% ao ano.
Esse descompasso, que se repete há mais de uma década, é atribuído à falta de investimentos públicos e privados e ao alto custo para implantação de novas estruturas, especialmente em regiões mais afastadas dos grandes centros logísticos.
Para os pequenos e médios produtores, o impacto é ainda mais sensível. Sem acesso a crédito ou escala para construir armazéns próprios, muitos são obrigados a escoar a produção logo após a colheita, em momentos de maior oferta e menor preço no mercado. Isso compromete o poder de barganha e impede que o agricultor escolha o melhor momento para comercializar sua safra.
A falta de estrutura também pressiona o sistema logístico como um todo, especialmente rodovias e terminais portuários, já que acelera o envio de grãos para fora do estado. Além disso, amplia o risco de perdas pós-colheita e encarece o frete, reduzindo a competitividade do agro mato-grossense.
Enquanto os números da produção impressionam, a estagnação da armazenagem acende um alerta. O Imea aponta que, sem incentivos mais robustos e políticas públicas voltadas à infraestrutura do campo, o problema tende a se agravar nos próximos anos, comprometendo a rentabilidade e o crescimento sustentável do setor.
Fonte: leiagora