O prefeito Abilio Brunini assinou, na tarde de terça-feira (2), o termo aditivo que assegura o incentivo financeiro para fomento e educação ambiental, no valor mensal de R$ 910 para os 96 ex-catadores que trabalhavam no antigo lixão de Cuiabá. O benefício, fruto do acordo judicial entre a Defensoria Pública e o Ministério Público de Mato Grosso para o encerramento do aterro, será depositado diretamente na conta dos beneficiários a partir desta quarta-feira (3). Estiveram presentes o secretário de municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano, José Afonso Botura Portocarrero, além do diretor-geral da Empresa Cuiabana de Limpeza Urbana (LIMPURB), Felipe Wellaton, o secretário adjunto de inclusão, Andrico Xavier e o Procurador Geral do Município, Luiz Antônio Araújo Júnior.
Na mesma ocasião, o prefeito firmou também o acordo que garante a cessão do imóvel e dos equipamentos necessários para a construção da nova cooperativa, um passo decisivo para que o grupo conquiste autonomia e condições dignas de trabalho.
Apesar do avanço, Abilio demonstrou preocupação com o futuro das famílias e fez um apelo para que os trabalhadores aproveitem os próximos seis meses, período previsto do auxílio, para estruturar um plano de negócios sólido. Ele sugeriu cursos, mentorias e capacitações junto ao Sebrae e outras instituições, reforçando que a sustentabilidade da cooperativa será fundamental para garantir renda estável a todos.
“O dinheiro vai cair na conta de vocês já amanhã, mas a minha preocupação é: e depois dos seis meses? É agora que vocês precisam se organizar. Façam um plano de negócios, busquem cursos, aproveitem as oportunidades. A cooperativa tem que se sustentar para garantir o futuro das famílias”, afirmou o prefeito.
A presidente da cooperativa, Valquíria Arruda da Silva, comemorou a assinatura e destacou que a comunidade aguardava apenas esse passo para avançar na implementação do barracão. “Agora seguimos em frente. Era a assinatura que faltava. A cooperativa tem 96 trabalhadores e estamos prontos para começar. Só tenho a agradecer ao prefeito e a todos que caminham conosco”, disse Valquíria. Ela reforçou ainda que já iniciará tratativas para cursos e capacitações. “É como ele falou: precisamos nos preparar. Vou conversar com a doutora Kelly e buscar esse apoio do Sebrae para o nosso grupo”.
No sétimo andar do Palácio Alencastro, cerca de 50 famílias acompanharam a reunião com atenção. Mulheres com crianças no colo, homens que carregam no rosto as marcas dos anos de trabalho no sol quente do antigo lixão — todos ali esperavam mais que uma assinatura. Queriam respostas, e ouviram também alertas.
Olhando nos olhos de quem o escutava, Abilio falou pausadamente. Explicou que o auxílio está garantido, mas que teme que, sem organização, o benefício acabe e o desamparo volte. Houve quem assentisse com a cabeça, quem enxugasse discretamente o canto dos olhos, quem apertasse a mão do vizinho de jornada.
Quando a reunião terminou, alguns permaneceram por alguns minutos no corredor, conversando sobre o futuro, sobre o barracão que será construído, sobre a esperança que renasce — mas também sobre a responsabilidade que agora recai sobre cada um. A cooperativa ainda é um projeto no papel, mas, para aquelas famílias, é também a chance real de escrever um novo começo.
Fonte: Prefeitura de Cuiabá
Autor: Ulisses Lalio
Foto: Emanoele Daiane
