Em uma fazenda com área equivalente a 171 campos de futebol oficial, em um local sob sigilo no interior do estado norte-americano de Wisconsin, vivem alguns dos , conforme descreve uma reportagem do jornal The New York Times, reproduzida no Brasil pelo O Globo.
Nesta propriedade os porquinhos nascem por meio de parto cesariano. O objetivo é protegê-los de vírus que as porcas mães podem carregar. Da mesma forma, os ‘bebês’ se alimentam por meio de mamadeira. Afinal, a amamentação direto nas tetas seria outra fonte de risco de contaminação.
Nos primeiros dias de vida, esses animais ficam sob luzes de aquecimento em meio a equipamentos e pessoas que os monitoram 24 horas por dia. Nesse período, como recompensa, recebem brinquedos e marshmallows. No entanto, diferentemente de outros porcos, o grupo ‘mimado’ não pode sair para brincar na terra. Eles são clones e, assim, frágeis. Seus corpos são geneticamente projetados para terem rins, corações e fígados mais compatíveis com o corpo humano.
Esses mini porcos integram um inovador experimento científico que aproveita avanços na clonagem e edição genética para concretizar o antigo sonho do xenotransplante. Essa técnica consiste na .
O sucesso da empreitada pode trazer grandes lucros para as duas empresas de biotecnologia líderes no setor: a eGenesis, de Cambridge, no Estado norte-americano do Massachusetts, e a Revivicor, de Blacksburg, na Virgínia, também nos EUA. Ambas pertencem à United Therapeutics Corporation. O movimento é um só: atender à enorme demanda por órgãos.
Mais de 100 mil norte-americanos estão em listas de espera por órgãos sob doação, a maioria precisando de um rim. Apenas 25 mil rins humanos doados ficam disponíveis a cada ano. Em média, dentro dessa fila de espera, 12 pacientes morrem todos os dias. Primeiramente, os cientistas transplantaram órgãos de porcos geneticamente modificados para outros animais e depois para vítimas de morte cerebral.
Em 2022, os pesquisadores receberam permissão para transplantar esses órgãos em alguns pacientes gravemente enfermos. No ano passado, veio a autorização para intervenções em pessoas mais saudáveis. Agora, pela primeira vez, um estudo clínico formal sobre o procedimento está sendo iniciado.
O CEO da eGenesis, Mike Curtis, prevê um futuro no qual a engenharia genética tornará os órgãos de porco tão compatíveis com humanos que os pacientes não precisarão tomar medicamentos fortes que previnem a rejeição. Contudo, os tornam muito mais vulneráveis a infecções e câncer.
Fonte: revistaoeste