Por 14 votos a favor, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados arquivou uma representação do Psol contra o deputado federal Delegado Da Cunha (PP-SP), réu por violência doméstica e ameaça contra a nutricionista Betina Grusiecki, sua ex-companheira.
Relator da representação, deputado Albuquerque (Republicanos-RR) recomendou apenas uma censura verbal a Da Cunha, uma punição branda, em virtude de uma conversa entre ele e a ex-sogra, em que ele sugere encerrar a investigação por violência doméstica.
Essa penalidade é aplicada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), durante as sessões plenárias. Conforme o relator, não há “relação entre os fatos imputados e o desempenho do mandato”.
O Psol pedia a cassação do mandato de Da Cunha por possível quebra de decoro parlamentar, afirmando que as condutas que envolvem o suposto crime violam deveres parlamentares e desonram a imagem da Câmara.
Eleito com mais de 180 mil votos, o parlamentar também é investigado por enriquecimento ilícito e abuso de autoridade depois de ficar conhecido nas redes sociais com gravações de operações policiais.
À Justiça, Betina relatou ter sido agredida fisicamente e verbalmente pelo Delegado Da Cunha durante um relacionado que durou três anos. O casal discutia frequentemente, conforme ela.
Segundo o Ministério Público, o deputado também causou danos materiais à vítima. O caso foi registrado na 2ª Delegacia da Defesa da Mulher na Zona Sul de São Paulo, como lesão corporal, ameaça, injúria e violência doméstica. A acusação ainda vai a julgamento.
Um vídeo que está anexado às investigações — divulgado pelo Fantástico, da TV Globo, no domingo 17 — mostra o deputado insultando Betina e a ameaçando de morte.
“Vou encher sua cara de tiro”, diz o deputado na gravação. Em outros momentos, é possível ver o rosto da vítima e, em outro trecho, é possível reconhecer a imagem do delegado. É possível ouvir o deputado insultando a então companheira e dizendo que iria matá-la.
A maioria do vídeo é composta apenas de áudio. Segundo Betina, ele havia consumido bebida alcoólica e, em um momento do vídeo, Da Cunha bate a cabeça dela na parede. “Desmaia aí, desmaia aí”, diz ele.
A agressão aconteceu no apartamento onde ambos moravam em Santos, no litoral paulista, em 13 de outubro de 2023. Conforme Betina, essa foi a última vez que ele bateu nela, pois, no mesmo dia, ela deixou a casa onde o casal morava.
À Justiça, Da Cunha negou ter agredido Betina, mas o Instituto Médico-Legal confirmou que ela tinha escoriação no couro cabeludo e lesões corporais leves. O parlamentar registrou boletim de ocorrência em que diz ter sido agredido com um secador. O Ministério Público concluiu que Betina agiu em legítima defesa.
Em nota enviada, Delegado Da Cunha “lamentou” o vazamento do vídeo, admitiu ter agredido verbalmente a ex-companheira, mas negou tê-la agredido fisicamente (leia a nota completa ao final desta reportagem).
Delegado Da Cunha e Betina se conheceram em 2020, moravam juntos, mas não têm filhos. Ele é pai de duas crianças com outra ex-companheira.
Fonte: revistaoeste