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Mato Grosso Sorriso

Polícia prende quadrilha por desvio de 69 veículos em Sorriso: detalhes da operação

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Dados recentes da segurança pública em Mato Grosso revelam que a retenção indevida de bens públicos — sejam veículos, maquinários ou imóveis — vem crescendo de forma silenciosa nos municípios do Norte do Estado. Na região de Sorriso, por exemplo, o número de casos envolvendo desvios de automóveis apreendidos teve um salto estimado de 18% em 2024 em relação ao ano anterior (fonte: relatórios da Polícia Civil de Mato Grosso). A partir desse panorama, iniciou-se uma intervenção da estatal que revelou um quadro de corrupção estrutural.

Na manhã deste sábado (25), a delegacia local deflagrou a operação denominada Eidolon, com base em mandados expedidos pela 2ª Vara Criminal de Sorriso. Segundo informações da Polícia Civil, foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva, buscas, apreensões, bloqueios de telecomunicações e sequestro de bens — tudo visando desarticular uma associação criminosa que agia dentro da guarda municipal e no setor de liberação de veículos apreendidos.

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O grupo investigado responde pelos crimes de associação criminosa, peculato, inserção de dados falsos em sistema de informações, falsificação de documento público e uso de documento falso. Conforme apurado, os acusados teriam desviado pelo menos 69 veículos que estavam sob custódia da Prefeitura de Sorriso.

Como o esquema funcionava

Segundo as investigações, o plano seguia etapas bem definidas. Primeiro, integrantes da Guarda Municipal identificavam veículos vulneráveis — sobretudo motocicletas com pendências administrativas e baixa chance de reclamação pelos proprietários. Em seguida, a associação contava com cartórios cúmplices e falsificadores que emitiam procurações fraudulentas ou permissões de liberação do veículo, usando certificados digitais adulterados ou cartórios pagos em cerca de R$ 1 mil por documento.

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Depois, eram emitidos termos de liberação falsos para que os automóveis fossem retirados dos pátios oficiais — muitas vezes mediante pagamento por Pix aos servidores envolvidos, com valores variando entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil por veículo. Em alguns casos, os veículos eram adulterados e revendidos, por meio de receptadores que ofereciam “serviço de retirada de veículos apreendidos” em redes sociais.

Importante observar que, de acordo com a apuração, esse é o terceiro caso de desvio de bens públicos sob custódia municipal investigado nesta região do Médio Norte de Mato Grosso somente neste ano — o que indica um padrão mais amplo e preocupante. Além disso, os fatos se enquadram no Art. 312 do Código Penal (peculato) e no Art. 288 do Código Penal (associação criminosa), tornando-os puníveis com prisão e multas para os envolvidos.

Investigação e desdobramentos

A apuração começou em setembro, quando o administrador de uma empresa do Paraná procurou a delegacia de Sorriso relatando que fora abordado por um guarda municipal que exigiu vantagem econômica para liberar um automóvel apreendido. A vítima viajou até Sorriso para tentar restituí-lo legalmente — e descobriu que já havia sido retirado do pátio sem justificativa.

Em diligências realizadas pela equipe da Delegacia de Sorriso, foram localizados termos de liberação forjados, veículos removidos indevidamente, além de materiais utilizados em adulterações e desmanches. O delegado que coordenou o trabalho ressaltou que a participação de cartórios e centros de formação de condutores amplia “a complexidade e o alcance da organização”.

Com base nesses elementos, foram representados os mandados que resultaram nas prisões e apreensões desta manhã. As investigações continuam em curso, com foco na identificação de outros servidores, cartórios e receptadores envolvidos — além de apurar eventual reincidência em outras cidades da região.

Para orientação: se você tiver conhecimento de irregularidades em veículos apreendidos ou custodiados por órgãos públicos, denuncie anonimamente à Polícia Civil de Mato Grosso por meio dos contatos oficiais ou utilize a ouvidoria do município de Sorriso.

Fonte: Relatório da Polícia Civil de Mato Grosso e apuração local.

Fonte: cenariomt

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