Polícia Civil incinera grande quantidade de drogas após operação em Barra do Garças

A destruição de mais de 30 quilos de entorpecentes apreendidos na região do Araguaia representa um impacto direto na logística do tráfico que atua em rotas interestaduais pelo leste de Mato Grosso. A medida, além de eliminar o risco de reintrodução da droga no mercado ilegal, sinaliza o fortalecimento de estratégias conjuntas de combate ao crime organizado na divisa com Goiás.

Conforme divulgado pela Polícia Civil nesta sexta-feira (24.10), o material foi incinerado em uma fornalha industrial de uma empresa em Barra do Garças, com acompanhamento técnico e autorização judicial. A carga havia sido confiscada na semana anterior, durante uma ação integrada que contou com equipes da Polícia Rodoviária Federal e do setor de Inteligência da Polícia Penal. A apreensão ocorreu na BR-070, quando os agentes localizaram 30 tabletes de pasta base e um de cloridrato de cocaína escondidos dentro de um caminhão frigorífico que saiu de Cuiabá com destino a Goiás.

O processo de incineração foi realizado em uma cerâmica local devidamente licenciada para esse tipo de procedimento. O descarte seguiu protocolos de segurança, controle ambiental e monitoramento previstos na legislação, incluindo a presença de profissionais da Politec e da Vigilância Sanitária municipal. A etapa é considerada essencial para impedir qualquer possibilidade de desvio, adulteração ou reutilização do entorpecente por grupos criminosos — um ponto muitas vezes negligenciado pelo público, mas crucial na cadeia de responsabilização judicial.

Rota do Araguaia sob pressão

Nos últimos anos, a região de Barra do Garças tem aparecido com mais frequência em relatórios de segurança por sua localização estratégica como corredor de escoamento de drogas entre Centro-Oeste e Sudeste. Segundo levantamento da Secretaria de Segurança Pública, incinerações de drogas no estado cresceram cerca de 18% em 2024, reflexo do aumento de apreensões e da agilidade em autorizações judiciais para destruição. Esse dado reforça a necessidade de operações integradas e contínuas, já que criminosos têm diversificado os meios de transporte para tentar escapar da fiscalização rodoviária tradicional.

Um ponto que chama atenção é o uso de caminhões frigoríficos em tentativas de burlar a fiscalização, explorando ambientes de baixa temperatura e compartimentos de difícil acesso. A prática, antes mais recorrente no transporte de contrabando, tem sido incorporada por organizações criminosas que buscam reduzir o odor e dificultar a detecção por cães farejadores. Será que, diante desse cenário, a tendência é que as forças policiais passem a intensificar abordagens a veículos de carga que antes não eram considerados de alto risco?

Cooperação e próximos passos

O delegado responsável pelas investigações, Matheus Soares Augusto, destacou que a eliminação segura da droga é uma fase indispensável do procedimento criminal. Ele também ressaltou a importância do trabalho conjunto entre instituições de segurança para impedir avanços de facções na região. A cooperação, disse o delegado, tem permitido respostas mais rápidas e eficientes frente a um tráfico cada vez mais estruturado e com ramificações interestaduais.

Para moradores da região, a sensação é de que ações como essa ajudam a frear a circulação de drogas que alimentam outros delitos, como furtos, fraudes e crimes violentos. No entanto, especialistas em segurança sinalizam que a repressão precisa vir acompanhada de políticas de inteligência e prevenção, sob pena de apenas deslocar o problema para outras rotas. Em linha com essa visão, autoridades têm buscado ampliar o uso de tecnologia e troca de dados entre forças policiais de estados vizinhos.

Cidadãos podem contribuir com denúncias anônimas sobre tráfico de drogas pelos canais oficiais, como o 197 da Polícia Civil ou o 191 da PRF. Informações que ajudem a rastrear rotas, veículos suspeitos e depósitos clandestinos aumentam a eficácia das investigações. Detalhes da ação foram compartilhados pela assessoria da Polícia Civil.