SAÚDE

Perigo da Fumaça das Queimadas Florestais: Estudo Revela Impacto Alarmante na Saúde Pública

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Em 2024, 30 milhões de hectares de solo brasileiro foram atingidos por queimadas, de acordo com o Relatório Anual do Fogo do MapBiomas. Essa é uma área ligeiramente maior que o estado do Rio Grande do Sul inteiro, e um resultado bem superior à média histórica anual de incêndios florestais desde 1985, de 18,5 milhões de hectares.

Com o fogo mais frequente nos últimos anos, intensificado pela crise climática, a perda não é só de biodiversidade ou benefícios ecossistêmicos, mas também de saúde para a população humana em volta das áreas impactadas. A poluição pode piorar habilidades cognitivas e afetar a qualidade da água na região por até oito anos.

Agora, um novo estudo mostrou que a fumaça produzida pelas queimadas é muito mais mortal do que os cientistas imaginavam. Mortes por exposição de curto prazo a material particulado fino (ou PM2,5, as partículas minúsculas de poluição que são muito prejudiciais à saúde humana) liberado por queimadas foram subestimadas em 93% por estimativas prévias, segundo a pesquisa liderada por cientistas do Instituto de Saúde Global de Barcelona, na Espanha.

Os pesquisadores descobriram que, em média, 535 pessoas morreram todo ano entre 2004 e 2022 por causa dessas partículas tóxicas finas liberadas com as queimadas. Usando os métodos tradicionais, eles esperariam cerca de 38 mortes por ano.

O padrão para fazer esses cálculos é considerar os PM2,5 de queimadas tão fatais quanto aquelas partículas que vêm de outras fontes, como do trânsito de carros. No estudo publicado no The Lancet Planetary Health, os cientistas mostraram que não funciona assim.

Riscos de curto e longo prazo

Antes do estudo, os pesquisadores assumiam um mesmo nível de toxicidade para todas as partículas finas, independentemente do tipo de poluição. No novo estudo, eles mostram que, apesar da frequência menor de incêndios florestais em comparação com as outras formas de poluição do ar, os impactos na saúde de uma mesma quantidade de material particulado fino são muito maiores em casos de queimadas.

No caso do novo estudo, liderado pelos espanhóis, só foram contabilizados os efeitos de curto prazo, que têm uma base de evidências forte. Para isso, eles usaram os registros diários de mortalidade de 32 países europeus e as estimativas de poluição de cada um.

Analisando todos esses dados, eles perceberam que a exposição à fumaça de queimadas aumentava consideravelmente o risco de morte na semana seguinte. A cada micrograma de PM2,5 em um metro cúbico de ar, a mortalidade por todas as causas aumentava 0,7%. O aumento das taxas para a mortalidade cardiovascular e respiratória foi ainda maior – de 0,9% e 1%, respectivamente.

O perigo da fumaça de um incêndio pode afetar muito mais pessoas do que aqueles próximos à área queimada, já que as partículas de poluição podem viajar vários quilômetros até acabar no pulmão de alguém. No ano passado, a fumaça das queimadas no Norte e no Centro-Oeste do país escureceram o céu nas outras regiões do país – e fizeram chover água preta de fuligem no Rio Grande do Sul.

A equipe do Instituto de Saúde Global de Barcelona não está sozinha na missão de chamar atenção para os perigos das queimadas florestais. Em dezembro de 2024, outro estudo atribuiu mais de 1,5 milhão de mortes ao redor do mundo todo ano à exposição de curto ou longo prazo ao ar poluído pelas queimadas.

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Fonte: abril

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