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Paranaíta (MT) se destaca na piscicultura com apoio do Sebrae: impulso econômico local

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Município de 12 mil habitantes alcança destaque na produção estadual com apoio do Sebrae e organização dos pequenos produtores

Localizada no norte de Mato Grosso, a cerca de 840 quilômetros de Cuiabá, Paranaíta vive uma expansão silenciosa, porém acelerada, no setor de piscicultura. Com pouco mais de 12 mil habitantes, o município alcançou 928,95 toneladas de peixes por ano e ocupa atualmente o 14º lugar no ranking estadual, segundo dados da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec-MT).

O crescimento ocorre em um cenário favorável ao setor. Em 2024, o Brasil registrou 904,28 mil toneladas de pescado, enquanto Mato Grosso consolidou-se entre os dez maiores produtores do país, com 41,66 mil toneladas, reforçando sua posição na piscicultura de água doce.

Paranaíta vira referência em piscicultura e movimenta economia local com apoio do Sebrae

Paranaíta vira referência em piscicultura e movimenta economia local com apoio do Sebrae

Organização produtiva impulsiona crescimento

O avanço da piscicultura em Paranaíta é resultado de uma articulação entre Prefeitura Municipal, produtores rurais e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Mato Grosso (Sebrae/MT), que há cerca de cinco anos atua na organização e profissionalização da atividade no município.

Até 2018, a piscicultura local era considerada tímida, com tanques isolados voltados principalmente ao consumo familiar. Poucos produtores comercializavam peixe e nenhum agricultor familiar fornecia para frigoríficos.

A mudança começou com a atuação do Sebrae junto a nove produtores, que juntos somavam 107 toneladas por ano. Atualmente, cerca de 70 produtores recebem acompanhamento técnico e são responsáveis por aproximadamente um terço da produção anual do município.

Assistência técnica foi decisiva

O engenheiro de pesca e consultor do Sebrae/MT, Jailson Baumgartner, acompanha mensalmente os produtores e explica que o primeiro desafio foi quebrar crenças antigas sobre a atividade.

“Muitos achavam que bastava colocar o peixe na água. Nosso trabalho foi mostrar que a piscicultura exige técnica, cálculos e manejo profissional”, afirma.

Segundo ele, a reorganização envolveu controle de custos, manejo alimentar, qualidade da água e densidade de peixes. Um dos pontos decisivos foi a redução de cerca de 50% no custo da ração, viabilizada pela intermediação do Sebrae e pelo apoio da prefeitura, que passou a disponibilizar caminhão para buscar o insumo diretamente na fábrica.

“Essa redução foi determinante para estabilizar a atividade e dar confiança aos produtores”, explica.

A virada na vida do produtor

O produtor Severino de Carvalho Vieira, do Sítio Serra de Sonhos, é um exemplo da transformação vivida no município. Ele conta que sempre quis trabalhar com piscicultura, mas não tinha conhecimento técnico nem estrutura adequada.

“Depois da primeira visita técnica do Sebrae Mato Grosso, tudo mudou. Segui as orientações e os resultados foram imediatos. Minha primeira despesca chegou a 1.700 quilos, quando a expectativa era de 1.300”, relata.

Atualmente, Severino vende cerca de 300 quilos de peixe todos os sábados no próprio assentamento, além de fornecer para pesque-pagues da região e para frigoríficos. Animado, ele já planeja dobrar o número de tanques.

“Foi a melhor decisão que tomei. Se seguir a orientação e tiver dedicação, dá certo”, afirma.

Piscicultura como pilar do desenvolvimento local

Para o prefeito de Paranaíta, Osmar Mandacarú, a piscicultura se tornou uma das atividades mais desejadas pelos produtores rurais e um dos principais pilares do desenvolvimento econômico local.

Segundo ele, o Sebrae/MT teve papel fundamental ao estruturar a cadeia produtiva, desde a produção até a comercialização, oferecendo segurança e previsibilidade ao pequeno produtor.

“Hoje temos mais produtores querendo entrar no programa do que a capacidade atual. É um problema bom de se ter”, destaca.

Mercado em expansão e novas oportunidades

O coordenador regional do Sebrae em Alta Floresta, Adriano Cabreira, avalia que Paranaíta entrou definitivamente no mapa da piscicultura de Mato Grosso.

“O município mostra o que acontece quando gestão pública, produtores e Sebrae Mato Grosso caminham juntos. A piscicultura deixou de ser complementar e se tornou um vetor real de renda e desenvolvimento”, afirma.

A expectativa é de expansão contínua, com incorporação de tecnologia, aumento de produtividade, fortalecimento do cooperativismo e ampliação dos canais de comercialização.

Uma nova realidade no campo

Com resultados concretos, Paranaíta se consolida como referência em piscicultura de água doce, mostrando como a assistência técnica contínua e a organização produtiva podem transformar economias locais.

Para produtores como Severino, a mudança é clara: “Antes era um sonho distante. Hoje, é a minha principal fonte de renda”.

Fonte: cenariomt

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