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Operação Sisamnes investiga familiares de desembargadores em MT: avanços e detalhes

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A Polícia Federal avançou sobre familiares de desembargadores afastados do Tribunal de Justiça de Mato Grosso durante a Operação Sisamnes, que apura um suposto esquema de venda de sentenças e lavagem de dinheiro no Judiciário estadual. As diligências resultaram em buscas, apreensões, restrições judiciais e bloqueios patrimoniais autorizados pelo Supremo Tribunal Federal, ampliando o alcance da investigação para além dos magistrados.

A apuração teve início a partir da morte do advogado Roberto Zampieri, em Cuiabá, em dezembro de 2023. A análise do celular apreendido com a vítima revelou conversas, documentos e planilhas que indicariam a atuação do advogado como intermediador de decisões judiciais, com acesso direto a magistrados e servidores públicos, conforme informações da Polícia Federal.

As diligências iniciais foram conduzidas pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, que recolheu o aparelho telefônico de Zampieri. O material foi posteriormente periciado pela Polícia Federal, que identificou indícios de pagamentos em troca de decisões judiciais. Segundo os investigadores, o advogado teria atuado como lobista, facilitando contatos e repasses financeiros no âmbito do Judiciário estadual.

Entre os principais alvos estão os desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, ambos do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Em agosto de 2024, os dois foram afastados de suas funções por determinação do Conselho Nacional de Justiça, diante das suspeitas apuradas no inquérito.

No caso de Sebastião de Moraes Filho, a investigação apontou uma relação próxima com Roberto Zampieri. Entre junho e dezembro de 2023, período anterior à morte do advogado, foram identificadas cerca de 768 mensagens trocadas entre os dois. As conversas incluíam temas pessoais, referências à rotina e menções a processos judiciais, o que, segundo a Polícia Federal, indicaria proximidade e acesso direto.

Fases da Operação Sisamnes

A primeira fase da Operação Sisamnes foi deflagrada em 26 de novembro de 2024, por ordem do ministro Cristiano Zanin, relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal. A ação resultou na prisão preventiva do empresário e lobista Andreson de Oliveira Gonçalves e no cumprimento de 23 mandados de busca e apreensão em Mato Grosso, Pernambuco e no Distrito Federal. Residências e gabinetes dos desembargadores afastados também foram alvos, além da imposição do uso de tornozeleira eletrônica.

Em 20 de dezembro de 2024, a Polícia Federal deflagrou a segunda fase da operação, com foco na apuração de lavagem de dinheiro. De acordo com os investigadores, foram identificadas operações imobiliárias envolvendo imóveis de alto padrão, supostamente utilizadas para ocultar a origem ilícita de recursos provenientes da negociação de decisões judiciais.

Por determinação do Supremo Tribunal Federal, houve bloqueio de até R$ 1,8 milhão, sequestro de imóveis, recolhimento de passaportes e novas restrições impostas aos investigados. As medidas buscaram interromper a circulação dos valores e preservar elementos para a continuidade das apurações.

Alcance sobre familiares e desdobramentos

Nessa fase, a investigação avançou sobre familiares do desembargador João Ferreira Filho. O ministro Cristiano Zanin autorizou buscas e apreensões contra a esposa do magistrado, Maria de Lourdes Guimarães Filha, servidora do TJMT, e contra a filha adotiva, Alice Terezinha Artuso, servidora da Assembleia Legislativa de Mato Grosso.

Segundo a Polícia Federal, Alice Terezinha Artuso teria recebido R$ 1,8 milhão de uma empresa ligada a Roberto Zampieri e atuado como intermediadora de repasses financeiros. Entre as movimentações identificadas estão pagamentos relacionados à compra de uma motocicleta Harley Davidson e a aquisições imobiliárias atribuídas ao desembargador.

As duas servidoras tiveram os passaportes recolhidos, foram proibidas de acessar prédios e sistemas do Judiciário estadual e impedidas de deixar o país, além de serem alvo de quebra de sigilo telemático. As medidas cautelares permanecem em vigor enquanto a investigação segue em andamento.

Em agosto de 2025, o Conselho Nacional de Justiça instaurou Processo Administrativo Disciplinar contra João Ferreira Filho, por suspeitas de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mantendo seu afastamento. Já Sebastião de Moraes Filho permaneceu afastado até atingir a idade limite, com aposentadoria compulsória confirmada em novembro de 2025. A Operação Sisamnes segue sob análise do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, conforme informações da Polícia Federal.

Fonte: cenariomt

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