Se Hollywood tivesse um tapete vermelho na selva, com certeza a onça Ti passaria por ele com a cabeça erguida e um jacaré pendurado na boca. A “supermãe” pantaneira voltou a chamar a atenção de turistas e amantes davida selvagem após um vídeo viral mostrar o momento em que ela arrasta um jacaré maior que ela mesma, às margens do Rio Cuiabá, no coração do Parque Estadual Encontro das Águas, em Poconé (MT).
Quem testemunhou e registrou o feito foi o guia de turismo Yco Campos, que, com o faro apurado de quem conhece o comportamento das feras locais, capturou o pós-cena de um verdadeiro documentário da vida real. A onça de 1,20 metro tirou da água um jacaré de 2 metros como quem puxa um cobertor no frio — com total domínio e sem cerimônias.
“A Ti estava deitada no barranco e o jacaré nadando ao redor dela. Quando ele parou perto, ela simplesmente sentiu o cheiro e pegou”, contou Yco, ainda surpreso com a rapidez da caçada, que ele presenciou mas não conseguiu filmar.
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Ti: a onça de nome curto, histórico longo de vitórias selvagens
Com 11 anos e mãe dedicada de dois filhotes de 3 anos, Ti é praticamente uma lenda viva no parque. Seus ataques precisos e a força descomunal já renderam registros famosos — como o clicado pelo fotógrafo Branco Arruda no ano passado, quando ela venceu outro jacaré no mesmo rio. “Toda vez que vemos a Ti, sabemos que vem espetáculo”, afirmou Arruda.
Ela foi batizada pelo guia Paulo Boute, e já é reconhecida por guias, turistas e pesquisadores como uma das mais destemidas moradoras do Encontro das Águas, área que abriga a maior concentração de onças-pintadas do planeta em seus 108 mil hectares de bioma puro.
Turismo selvagem com segurança e consciência
A época ideal para tentar avistar a Ti (ou seus vizinhos de mancha) vai de julho a setembro, período de seca que faz as onças se aproximarem dos rios para beber água — momento em que ficam mais visíveis para quem se aventura pelos passeios de barco.
O monitoramento dos felinos é feito de forma voluntária, por meio de fotos e vídeos que ajudam a entender o comportamento desses predadores.
Apesar de sua força descomunal, Ti também é símbolo de resistência: em 2020, 85% do parque foi devastado por incêndios, o que levantou alertas sobre a preservação do habitat da espécie. Mas ela segue lá, firme, elegante e feroz, lembrando ao mundo que a natureza é poderosa — e que as onças-pintadas do Pantanal têm nome, história e personalidade.
Fonte: cenariomt