A vulnerabilidade econômica e tecnológica de aposentados coloca-os entre as principais vítimas de golpes com Pix, segundo levantamento do Núcleo da Defesa do Consumidor da Defensoria Pública de Mato Grosso, em Cuiabá. Dos atendimentos realizados semanalmente pelo órgão, cerca de 40% das vítimas foram lesadas por fraudes com Pix, com destaque para aposentados que recebem entre um e dois salários mínimos e, em muitos casos, acabam arcando sozinhos com os prejuízos.
Em um caso recente, uma aposentada que não utiliza celular com internet passou a receber cobranças de empréstimos que totalizam R$ 13 mil, com contratos que ela afirma não ter assinado. Movimentações atípicas foram registradas em sua conta bancária, com transferências de valores e pagamento de boletos suspeitos, embora ela possua apenas um celular básico.
“A aposentada viu depósitos e pagamentos estranhos em sua conta e, mesmo após relatar ao banco, foi informada de que a dívida continuaria em seu nome. A Defensoria buscará uma ação declaratória para que a Justiça reconheça a fraude e suspenda a cobrança”, explica Lucas Judá, assessor jurídico do núcleo.
Os golpes, que vão desde solicitações falsas de parentes a empréstimos fraudulentos em nome das vítimas, exploram a falta de familiaridade dos aposentados com tecnologias financeiras. Em outro caso, uma aposentada confirmou dados pessoais a um suposto atendente bancário e passou a ser cobrada por empréstimos no valor de R$ 7,1 mil. O banco solicitou devolução das transferências pelo Mecanismo Especial de Devolução (MED), mas o valor não foi recuperado.
A Defensoria alerta sobre a importância de verificar qualquer pedido de dados e não realizar transferências sem confirmação. “Com fraudes se tornando cada vez mais complexas, é essencial que as vítimas ajam rapidamente, relatando ao banco e buscando auxílio na Defensoria”, aconselha Judá.
A projeção é que, até 2027, o total de perdas financeiras com fraudes envolvendo o Pix no Brasil chegue a R$ 3 bilhões, reforçando a importância da prevenção.
Fonte: hnt