A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) anunciou no domingo 4 a saída da Nicarágua de sua lista de Estados membros. A decisão foi uma resposta do país à concessão do Prêmio Mundial de Liberdade de Imprensa Unesco/Guillermo Cano, concedido ao jornal nicaraguense La Prensa.
A ditadura da Nicarágua, comandada por Daniel Ortega, comunicou sua saída por meio de uma carta em que expressa seu descontentamento com a atribuição do prêmio ao La Prensa.
A diretora geral da Unesco, Audrey Azoulay, lamentou a decisão, destacando que isso privará o povo nicaraguense dos benefícios da cooperação internacional, especialmente nos setores de educação e cultura.
“A Unesco está totalmente dentro de suas atribuições quando defende a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa em todo o mundo”, afirmou Azoulay em comunicado oficial. A Nicarágua era um dos 194 Estados membros da organização.
Criado em 1997, o prêmio de liberdade de imprensa tem como objetivo reconhecer aqueles que promovem a liberdade de expressão. A premiação de 2025 foi atribuída ao La Prensa no sábado 3, com base na recomendação de um júri internacional, formado por profissionais da mídia.
Nicarágua deixa o Conselho de Direitos Humanos da ONU
Em carta enviada em feveiro ao presidente do Conselho de Direitos Humanos da ONU, Jürg Lauber, a ditadura da Nicarágua formalizou sua saída do órgão, classificando a decisão como “soberana e irrevogável”. A justificativa é a suposta parcialidade e ingerência política do Conselho nas questões internas do país.
A vice-presidente Rosario Murillo afirmou que a saída é um ato em defesa do “decoro e orgulho” nacional, e rejeitou os relatórios da ONU sobre violações de direitos humanos no país, chamando-os de “falsificações, calúnias e mentiras”.
Murillo acusou o órgão de adotar uma “política colonialista” e criticou o informe do Grupo de Especialistas em Direitos Humanos, que considera parte de uma campanha de “duplo padrão” contra a ditadura de Daniel Ortega.
No comunicado, o regime afirma que os mecanismos da ONU são usados como instrumentos de ataque político e ameaça à soberania do país, além de dificultarem o desenvolvimento econômico e social da população nicaraguense.
Fonte: revistaoeste