Uma equipe de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) entrou para o Guinness, o livro dos recordes, ao descobrir o maior lago que já existiu na Terra. Para isso, eles usaram uma técnica chamada magneto-estratigrafia.
A descoberta das dimensões do megalago Paratethys, que tem como requíscios modernos os Mares Cáspio, Negro e de Aral, foi o que levou os pesquisadores ao Guinness. O Megalago existia há 11 milhões de anos e possuía 2,8 milhões de metros quadrados, segundo pesquisa do Instituto Oceanográfico da USP, em parceria com universidades da Holanda, Rússia, Alemanha e Romênia.
“Durante muito tempo acreditou-se que ali existia um mar pré-histórico, conhecido como Mar Sármata, mas agora temos evidências claras de que durante cerca de 5 milhões de anos este mar tornou-se um lago – isolado do oceano e cheio de animais nunca vistos em outros lugares do mundo”, disse o pesquisador Dan Valentin Palcu.
Fauna específica
O maior lago do mundo era diferente de tudo e possuía uma fauna própria.
Um dos animais que lá viviam era a Cetotherium riabinini, também conhecida como a menor baleia já encontrada. A baleia-anã tinha apenas três metros de comprimento.
Isolado dos oceanos, com recuos e avanços d’água, o Paratethys foi se tornando um ambiente único.
Segundo Dan, o local abrigava moluscos, ostracodes, golfinhos e muito mais.
Técnica usada
Os pesquisadores da USP usaram uma técnica chamada magneto-estratigrafia.
A tecnologia aplica o registro das inversões de polaridade do campo magnético da Terra nas rochas como uma ferramenta de datação.
Além disso, os pesquisadores também usaram reconstruções paleogeográficas digitalizadas para conseguir determinar o tamanho e o volume do Paratethys.
Crises hidrológicas
O mar também foi marcado por várias crises hidrológicas e períodos de seca.
Na mais grave delas, o megalago perdeu mais de dois terços da sua superfície e um terço do volume de água. O nível caiu até 250 metros.
Com isso, muitas espécies acabaram sendo extintas.
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Estudante o passado para o futuro
Dan explica que ao estudar as crises que ocorreram no megalago, é possível estar mais preparado para o futuro.
“Ao explorar os cataclismo que este antigo megalago sofreu como resultado das alterações climáticas, obtemos informações valiosas que podem elucidar potenciais crises ecológicas desencadeadas pelas alterações climáticas que o nosso planeta atravessa atualmente, especialmente sobre a estabilidade de bacias de águas tóxicas como o Mar Negro”.
O pesquisador segue investigando a resiliência das regiões ecologicamente frágeis às alterações climáticas e às modificações induzidas pelo homem.
Segundo ele, apesar do passado trágico, esses locais podem ser um farol de esperança para o futuro.
“O Mar Negro tem potencial para se tornar uma das maiores regiões naturais de armazenamento de carbono da Terra. A sua estabilidade é de suma importância para desbloquear a sua capacidade para futuras iniciativas de armazenamento de carbono e prevenir futuros desastres ecológicos”, concluiu.
Com informações de Jornal da USP (1) e Jornal da USP (2).
Fonte: sonoticiaboa