De onde menos se espera Ă© justamente de onde nĂŁo sai nada mesmo. O governo Lula, ou Lula-Janja, parece se esforçar a cada dia para manter viva a grande mĂĄxima do BarĂŁo de ItararĂ©. Salvo os viciados clĂnicos em Lula, ninguĂ©m esperava que saĂsse nada de bom, ou de Ăștil, da comĂ©dia calamitosa em que os dois se meteram na sua Ășltima excursĂŁo turĂstica Ă China â como presidente, Lula jĂĄ foi para lĂĄ cinco vezes. Mas tambĂ©m nĂŁo era preciso, realmente, que saĂsse tanta coisa ruim.
O embuste-raiz da âviagem Ă Chinaâ continua dando prejuĂzo; o Ășltimo boleto entregue ao pĂșblico apresenta um prodigioso desmentido, feito pelo prĂłprio ministro nominal do Exterior, Ă cretinice fora-se-sĂ©rie dita por Lula ao presidente chinĂȘs. NĂŁo, veio dizer o ministro uma semana depois do incidente, Lula nĂŁo pediu que Xi Jinping mandasse uma âpessoa de sua confiançaâ ao Brasil para ajudar o governo a censurar as redes sociais. (O codinome que usam para isso Ă© âregulamentaçãoâ.)
Quer dizer que o presidente da RepĂșblica diz uma coisa, confirma que disse, e o seu ministro nominal diz que nĂŁo disse? Afinal: disse ou nĂŁo disse? As duas coisas nĂŁo podem estar certas ao mesmo tempo. Se o governo nĂŁo consegue decidir se Ă© uma ou Ă© a outra, nem isso, o que o cidadĂŁo comum, que trabalha para pagar o passadio de todos eles, pode esperar? Fica todo mundo na dĂșvida, e cada vez mais: âE aĂ? Tem alguĂ©m em casa?â
Todos os gatos gordos do regime, do aos sindicatos que roubam dos aposentados mais pobres, tĂȘm hoje uma obsessĂŁo: dizer que âisso aqui nĂŁo Ă© a casa da Maria Joanaâ. Mas, no mundo dos fatos, nem a prĂłpria Maria Joana iria aceitar uma barafunda dessas na sua casa. Lula fez uma barbaridade: pediu, em pĂșblico, que um governo estrangeiro mandasse um dos seus funcionĂĄrios ao Brasil para se meter na solução de problemas brasileiros. Ă entreguismo direto na veia â alĂ©m de baderna explĂcita.
âA Ășnica coisa certa Ă© que querem censurar as redes â com Xi, sem Xi, mas assim ânĂŁo Ă© possĂvelâ ficarâ
O burocrata que responde pelo expediente no Itamaraty, apĂłs horas e horas com o cadĂĄver Ă vista de todos na calçada, percebe enfim que alguma coisa nĂŁo estĂĄ certa â e manda dizer que nĂŁo hĂĄ cadĂĄver em cima da calçada ou que aquilo que todo mundo estĂĄ vendo nĂŁo Ă© um cadĂĄver. O presidente, por sua vez, enrola uns resmungos sobre a histĂłria sem explicar se a sua palavra vale ou nĂŁo vale. A Ășnica coisa certa Ă© que querem censurar as redes â com Xi, sem Xi, mas assim ânĂŁo Ă© possĂvelâ ficar.
No balanço final, atĂ© o momento, parece que sĂł Janja continua fiel Ă prĂłpria calamidade original: disse ao presidente da China que o TikTok Ă© de âdireitaâ, e por ser de direita e ser chinĂȘs tem de ser censurado, no Brasil, pelos chineses. Ouviu de Xi Jinping que ele nĂŁo tem nada a ver com isso, mas pelo menos engoliu o pito com casca e tudo e nĂŁo desdisse o que havia dito.

Ao contrĂĄrio: fez questĂŁo de voltar ao local do crime, ou ao assunto, . Janja, ao que parece, nĂŁo tem um entendimento claro do significado da palavra âprotocoloâ. Acha que Ă© alguma coisa ruim, meio de âdireitaâ, provavelmente âmachistaâ, e que estĂĄ aĂ para ser enfrentada e vencida pelas âmulheresâ. Protocolo, porĂ©m, Ă© apenas um conjunto de regras â vale, de maneira neutra, para todo mundo, e nĂŁo tem nada de feio.
Mas quem é, em volta de Lula, que tem peito para fazer alguma objeção à Janja? Todo mundo, ali, sabe que ela é um desastre serial; só que o grau de frouxidão dessa gente quebrou todos os paradigmas conhecidos até hoje. Um ministro pode até desmentir Lula. Mas não enfrenta Janja nem por ordem do papa.
Fonte: revistaoeste