O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Lula) declarou na tarde desta terça-feira (4) que o governo federal tem a intenção de investigar a Operação Contenção. Segundo o presidente, a ação policial, que terminou com 121 mortes, extrapolou seu propósito determinado pelos mandados judiciais e configurou uma “matança”.
“Vamos ver se a gente consegue fazer essa investigação. Porque a decisão do juiz era uma ordem de prisão, não tinha uma ordem de matança, e houve matança”, disse o presidente em entrevista a Associated Press e Reuters, durante viagem a Belém (PA).
A manifestação do presidente Lula vai no sentido oposto ao que vem sendo dito pelo governador do Rio, Claudio Castro (PL), que tem chamado de “sucesso” a operação e, em ofício ao Supremo Tribunal Federal (STF), que foi empregada de maneira proporcional a força.
“O dado concreto é que a operação, do ponto de vista da quantidade de mortes, as pessoas podem considerar um sucesso, mas do ponto de vista da ação do Estado, eu acho que ela foi desastrosa”, declarou o presidente, na mesma entrevista a agências internacionais.
Ainda de acordo com o presidente, legistas da polícia federal devem investigar de maneira independente as circunstâncias em que ocorreram as mortes.
Fala de Lula contraria opiniões
O ministro Alexandre de Moraes, que foi designado no Supremo Tribunal Federal (STF) para averiguar a atuação das polícias do Rio de Janeiro na operação da semana passada contra o Comando Vermelho, se posicionou de modo favorável às polícias no julgamento da ADPF das Favelas, na qual a Corte impôs regras para as operações.
O ministro assumiu a relatoria da ação no STF na semana passada. O relator original, Edson Fachin, deixou a função em setembro, ao assumir a presidência da Corte.
A fala do presiidente da República também contraria pesquisas de opinião. Levantamento da Genial Investimentos, em parceria com o Instituto Quaest, divulgada no sábado, mostrou que 64% dos moradores do estado do Rio de Janeiro aprovam a megaoperação policial realizada nos complexos do Alemão e da Penha, no dia 28 de outubro. Para 73%, a polícia deveria realizar mais destas operações em comunidades e favelas.
Fonte: gazetadopovo






