Aos 16 anos, Helena Werneck descobriu na poesia um jeito de se entender e de se reinventar. Dessa descoberta nasceu Nu, o primeiro livro da escritora cuiabana, publicado pela Editora Entrelinhas. A obra rendeu a Helena o 2º Prêmio Mato Grosso de Literatura, promovido pela Secretaria de Cultura do Estado.
Em cada página, ela revela um pouco das emoções, dos medos e das descobertas que marcam o crescer transformando sentimentos de adolescência em versos cheios de sensibilidade.
A obra carrega simbolismos desde o primeiro olhar. O título e a diagramação se refletem mutuamente: a palavra Nu pode ser lida tanto de cabeça para cima quanto para baixo, sugerindo a ideia de espelho e dualidade. Ouça abaixo o episódio do quadro Tá lendo o quê? desta semana:
Um livro que se despe das formalidades
Após a seleção das poesias, Helena mergulhou na estruturação do livro. Com a ajuda da editora Maria Teresa Carli, o texto ganhou forma, ritmo e coerência. O prefácio foi escrito pela poeta Lucinda Persona, um dos nomes mais importantes da literatura mato-grossense, que também foi inspiração para a jovem escritora.
“A Maria Teresa revisou meu livro e depois a Lucinda Persona fez o prefácio, que é uma grande escritora aqui também de Mato Grosso. A gente começou a pensar na ideia de capa, que foi o que mais demandou tempo, porque tínhamos várias ideias, mas nenhuma parecia se encaixar com o livro”, conta.
A escolha da capa foi um marco nesse processo. Entre muitas ideias, surgiu a fotografia de Hernani Lacerda de Oliveira Júnior, feita em Barão de Melgaço, que traduzia visualmente o espírito do livro, simples e profundo, como os versos de Helena.
“É uma foto feita em Barão de Melgaço, com uma árvore do Pantanal do Cerrado, mato-grossense, sem folhas nenhuma, já que o livro se chama Nu, uma árvore pelada, né? Então essa foi a intenção da capa, que é uma coisa que eu gosto bastante da ideia”, explica a autora ao falar sobre a concepção visual da obra.
Da ideia ao livro
A escritora conta que o livro nasceu de um conjunto de poesias escritas na adolescência. Aos 16 anos, ela levou os textos à editora Entrelinhas, onde foi incentivada por Maria Teresa Carli a inscrever o projeto no Prêmio Mato Grosso de Literatura.
O objetivo era reunir suas poesias em um único livro, e, diante dos altos custos de publicação, o prêmio surgiu como uma oportunidade real de transformar o sonho de ver sua obra impressa em realidade.
O reconhecimento veio acompanhado de surpresa. Helena relembra que não esperava vencer o prêmio, mas que o incentivo foi essencial para dar forma profissional ao projeto. A publicação garantiu uma encadernação caprichada e abriu as portas para novos leitores e oportunidades.
“Eu não imaginava que pudesse acontecer. Foi uma grande surpresa, assim, eu ter ganhado, porque realmente não esperava, não imaginava que pudesse acontecer e foi uma grande sorte”, relembra.
Da primeira publicação ao legado
Hoje, o livro Nu é lembrado como um marco da literatura jovem mato-grossense, e Helena reconhece o valor desse primeiro passo. O prêmio não apenas viabilizou a publicação, mas também consolidou uma vocação.
O prêmio foi mais que um incentivo: representou o início de uma jornada literária. Com Nu, Helena aprendeu a se reconhecer nas próprias palavras e a compreender a força da poesia como espelho da vida. Cada poema reflete uma fase da adolescência, um tempo de descobertas, dúvidas e coragem.
Hoje, Helena diz que se sente orgulhosa por ter começado tão cedo e por ver sua história impressa. “Eu sempre gostei muito de escrita, sempre gostei muito de poesia, então era uma coisa que fazia parte da minha vida e faz parte até hoje, […] eu fico muito feliz de ter feito parte dessa história, da minha própria história”, comenta a autora.
Fonte: primeirapagina






