Pela primeira vez, cientistas capturaram imagens das auroras de Netuno, o mais distante planeta do nosso Sistema Solar. Embora a teoria jĂĄ apontasse que o fenĂŽmeno existia no planeta azul, por muito tempo ele fugiu das cĂąmeras, tĂmido. A descoberta, porĂ©m, inaugurou um novo mistĂ©rio sobre este gigante gelado.
Auroras sĂŁo fenĂŽmenos luminosos que ocorrem devido Ă s partĂculas carregadas emitidas pelo Sol, que formam o chamado vento solar. Essas partĂculas sĂŁo atraĂdas pelo campo magnĂ©tico de um planeta, e interagem com ĂĄtomos presentes em suas atmosferas, resultando numa reação que emite luz.
Na Terra, as partĂculas do vento solar sĂŁo levadas aos polos Sul e Norte do planeta, e por isso sĂŁo auroras polares. LĂĄ, elas reagem com o oxigĂȘnio e o nitrogĂȘnio da atmosfera terrestre, emitindo uma luz no processo (geralmente esverdeada).
Por aqui, as auroras boreais sĂŁo famosas e muito fotografadas, podendo ser observadas no extremo norte do planeta, prĂłximo ao Polo Norte (auroras austrais, que ocorrem no sul do globo, tambĂ©m existem, mas sĂŁo menos lembradas porque hĂĄ bem menos gente morando nesta ponta da Terra).Â
Auroras jĂĄ foram registradas tambĂ©m em planetas como Saturno, JĂșpiter e Urano, que, assim como a Terra, possuem campo magnĂ©tico e atmosfera. Tudo indicava que com Netuno nĂŁo seria diferente, mas, apesar de tentativas frustradas e evidĂȘncias indiretas coletadas pela sonda Voyager 2 em 1989, uma aurora no Ășltimo planeta do Sistema Solar nunca tinha sido registrada.
Isso mudou, graças ao Telescópio Espacial James Webb, lançado em 2021. Em um novo estudo publicado na revista Nature Astronomy, cientistas americanos e britùnicos revelaram as primeiras imagens das auroras de Netuno, que se concentram em latitudes médias do planeta, e não nos polos. Os dados utilizados no artigo foram coletados em 2023.
âAcontece que, na verdade, fotografar as auroras em Netuno sĂł foi possĂvel com a sensibilidade infravermelha [do telescĂłpio] Webbâ, diz Henrik Melin, da Universidade de Northumbria, que foi o autor principal da pesquisa. âVer as auroras foi impressionante, e os detalhes e a clareza realmente me chocaram.â
Na Terra e em planetas como JĂșpiter e Saturno, as auroras aparecem mais nos polos porque seus os campos magnĂ©ticos estĂŁo relativamente alinhados com seus eixos de rotação, fazendo com que o magnetismo concentre as partĂculas carregadas nos polos. Em Netuno, porĂ©m, isso Ă© diferente; o campo magnĂ©tico Ă© altamente inclinado, fazendo com que essa concentração de partĂculas ocorra em lugares inusitados.Â
Um novo mistério
O flagra da aurora nĂŁo foi a Ășnica descoberta do James Webb sobre Netuno. Os cientistas conseguiram tambĂ©m medir a temperatura da ionosfera (a camada mais superior da atmosfera) do planeta, algo que foi feito pela Ășltima vez apenas em 1989, quando a sonda Voyager 2 passou por perto do gigante gelado.
Os resultados chocaram: acontece que, nos Ășltimos 36 anos, a temperatura da atmosfera superior netuniana caiu muito â hoje, ela Ă© praticamente a metade da registrada pela Voyager.
O esfriamento do planeta explica o porquĂȘ das auroras de Netuno terem sido tĂŁo elusivas: quanto menor a temperatura, mais fraco Ă© o brilho da luminosidade (afinal, maiores temperaturas significam mais energia). Ou seja: o fenĂŽmeno foi enfraquecendo nas Ășltimas dĂ©cadas, quando tentĂĄvamos encontrĂĄ-lo com base em projeçÔes feitas considerando a temperatura registrada em 1989.
Ao mesmo tempo, o artigo levanta um novo mistĂ©rio: como (e por que) a temperatura da atmosfera de Netuno caiu tĂŁo rapidamente? Ainda nĂŁo hĂĄ uma resposta, e cientistas esperam estudar melhor o planeta nos prĂłximos anos para entender o fenĂŽmeno.Â
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Fonte: abril