A família do pastor Luciano Ribeiro, de 56 anos, denunciou negligência no atendimento após ele sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral) em 26 de julho e ficar internado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Leblon, em Cuiabá, até morrer, sem conseguir vaga em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O caso foi denunciado ao Ministério Público e à ouvidoria do Sistema Único de Saúde (SUS).
Mesmo após uma determinação judicial que exigia sua transferência, Luciano não conseguiu um leito e morreu no último sábado (2). “[…] é uma sensação de impotência, de ver meu irmão sem sequer ter a chance de lutar pela própria vida, por não ter recebido o tratamento necessário”, lamentou a irmã de Luciano, Fernanda Maria Ribeiro.
Família aponta negligência
A Justiça tinha determinado que Luciano fosse transferido imediatamente para uma UTI, mas não ocorreu. “Procuramos ajuda na Defensoria Pública e o prazo [para transferência para UT] não foi cumprido. A Justiça ainda deu mais um prazo de 24 horas, mas infelizmente, ele morreu. Nem o município e nem o Estado cumpriram a liminar”, disse.
A irmã de Luciano, Fernanda Maria, moradora de Goiânia, descreveu Luciano como um homem justo, honesto e trabalhador. Cuiabano, era o filho mais velho de Anísia e Orivaldo, já falecidos, e atuava como mecânico e pastor. Temente a Deus, dedicava sua vida à fé e à família.
Em meio à dor pela perda de Luciano, a irmã faz um apelo urgente às autoridades por respeito à vida e aos direitos básicos.
“É por isso que estamos aqui: para fazer um apelo às autoridades, para que, quando ocorrerem situações como essa, não haja abandono e não se tire o direito do ser humano à vida, à saúde, ao atendimento, como foi negado ao nosso irmão”, disse Fernanda.
Posicionamento do Estado e de Cuiabá
A Secretaria de Saúde de Mato Grosso (SES-MT) informou que empenhou esforços para conseguir um leito de UTI com suporte em neurologia para o paciente, tanto na rede pública quanto na rede privada, mas não obteve retorno sobre a disponibilidade de vagas.
Questionada sobre a atual capacidade de atendimento, a SES afirmou que 98% das 829 vagas de UTI disponíveis pelo SUS no estado estão ocupadas. As especialidades com maior sobrecarga são neurologia, cardiologia e vascular.
A pasta acrescentou que o novo Hospital Central, em fase final de construção em Cuiabá, deve ampliar a oferta de vagas, juntamente com outros cinco grandes hospitais em obras no estado.
Já a Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá informou que o paciente recebeu toda a assistência necessária durante o período em que esteve internado na UPA Leblon. Segundo a pasta, a equipe multiprofissional da unidade prestou todos os cuidados indicados conforme o quadro clínico, dentro da estrutura de urgência e emergência.
A secretaria ressaltou que a disponibilização de leitos de UTI é de responsabilidade da Central de Regulação Estadual, e que a vaga foi solicitada e atualizada regularmente pela equipe da unidade.
Afirmou ainda que mantém diálogo constante com o Governo do Estado para viabilizar as transferências de forma ágil, conforme a gravidade de cada caso. Por fim, lamentou o desfecho e se solidarizou com os familiares e amigos do paciente.
Fonte: primeirapagina