Mesmo com a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo governo de Donald Trump, os investimentos diretos de empresas dos Estados Unidos no Brasil não devem ser afetados, segundo o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron.
Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (30), Ceron explicou que as empresas norte-americanas que operam no Brasil costumam ter uma visão de longo prazo, priorizando questões estruturais em vez de conjunturais. “Elas olham para os próximos 10 a 15 anos. São questões muito mais estruturais que conjunturais em uma discussão como essa”, declarou.
Dados do portal InvestVis confirmam a força da presença americana no Brasil. Entre janeiro de 2024 e junho de 2025, companhias dos EUA investiram US$ 12,25 bilhões no país, o equivalente a 23,46% do total de investimentos estrangeiros diretos. Os Países Baixos aparecem em segundo lugar, com US$ 7,92 bilhões (15,17%).
Medidas de contenção
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu um plano de contingência para apoiar os setores afetados pela tarifa, cuja vigência começa na próxima semana. Ceron evitou detalhar as ações previstas, mas reiterou a fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que haverá apoio via crédito para empresas atingidas.
Segundo Ceron, a maior parte das exportações brasileiras para os EUA – como aviação civil, minérios, alimentos e produtos de energia – foi isenta da tarifa, o que diminui o impacto econômico imediato. “O desenho macro [do plano] está pronto. Podemos até rever valores, mas não acredito que precisemos refazer o plano”, afirmou.
Apesar de considerar o cenário mais favorável do que o esperado, o secretário alertou que ainda é necessário compreender todos os detalhes da medida anunciada pelo ex-presidente norte-americano. “É um cenário mais benigno, mas não quer dizer que os impactos não existam”, ponderou.
Experiência no Rio Grande do Sul
Ceron destacou que a experiência com a crise das enchentes no Rio Grande do Sul em 2024 contribuiu para a preparação do plano de contingência atual. “O plano de ação está preparado, estamos refinando. Quando enfrentamos o desastre no Rio Grande do Sul, aprendemos a agir com racionalidade e técnica para mitigar impactos econômicos de forma proporcional”, explicou.
Ele frisou, no entanto, que a situação atual difere da tragédia climática vivida pelo estado. “São eventos diferentes, com características diferentes, com efeitos diferentes”, afirmou.
Por fim, o secretário reforçou que o governo está atento aos desdobramentos e que o plano possui instrumentos suficientes para manter a estabilidade econômica diante das incertezas.
Fonte: cenariomt