Economia

Inadimplência no Brasil: Reincidência atinge 83% e Recuperação de Crédito Desacelera em Julho

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O endividamento das famílias segue em patamar preocupante e mostra sinais de agravamento no Brasil. Levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) aponta que, em julho de 2025, 83,16% das negativações registradas no país foram de devedores reincidentes — ou seja, consumidores que já haviam aparecido nos cadastros de inadimplentes nos últimos 12 meses.

Dentro desse grupo, 61,58% ainda não haviam quitado dívidas anteriores e voltaram a ser negativados. Outros 21,58% conseguiram limpar o nome em algum momento, mas retornaram às listas. Apenas 16,84% dos negativados eram casos novos, sem restrições recentes no CPF. O tempo médio entre uma dívida vencida e o vencimento de novas pendências para reincidentes foi de 74,4 dias, cerca de dois meses e meio, o que demonstra a rapidez com que novas dívidas se acumulam.

Nos últimos 12 meses encerrados em julho, o número de devedores reincidentes cresceu 1,33% em relação ao mesmo período anterior, reforçando a dificuldade de romper o ciclo de endividamento.

Para o presidente da CNDL, José César da Costa, o índice revela um quadro estrutural. “O percentual de mais de 83% ainda é alarmante e demonstra que a maioria dos brasileiros que caem na inadimplência tem grande dificuldade em sair dela permanentemente. A alta taxa de juros e a dificuldade de acesso a crédito mais justo perpetuam um cenário onde quitar uma dívida muitas vezes não impede que outra se forme rapidamente. É fundamental que as políticas de educação financeira e renegociação sejam cada vez mais eficientes e acessíveis para quebrar esse ciclo vicioso”, afirma.

Perfil dos reincidentes

A faixa etária de 30 a 39 anos concentra a maior parte dos negativados reincidentes, representando 25,36% do total. Em relação ao gênero, a distribuição permanece equilibrada: 52,97% mulheres e 47,03% homens.

Recuperação de crédito em queda

O levantamento também mostra que a recuperação de crédito — consumidores que conseguiram quitar dívidas e limpar o nome — recuou 12,61% no acumulado de 12 meses até julho, em comparação com o período anterior. O resultado é pior que o registrado em junho (-12,57%).

A retração foi mais intensa entre aqueles com dívidas antigas: a recuperação de consumidores que demoraram entre quatro e cinco anos para quitar pendências caiu 20,96% em julho, frente à queda de 17,80% em junho. O tempo médio para regularizar as dívidas entre os que conseguiram sair da inadimplência foi de 9,5 meses.

O perfil dos consumidores recuperados em julho mostra predominância da faixa etária de 50 a 64 anos, que representou 23,92% dos casos. A idade média foi de 47 anos. Houve leve predominância feminina, com 51,72% de mulheres contra 48,28% de homens. O valor médio pago pelos recuperados foi de R$ 2.295,63 na soma de todas as dívidas, embora 60,68% tenham quitado débitos de até R$ 500.

Roque Pellizzaro Júnior, presidente do SPC Brasil, alerta para a gravidade da situação. “O problema financeiro da população brasileira não está, majoritariamente, nas grandes dívidas, mas na incapacidade de lidar com pequenas pendências. Quase 31% das dívidas em atraso não ultrapassam R$ 500 e 43,42% ficam abaixo de R$ 1.000. Mesmo assim, até pequenos débitos exigem esforço prolongado para serem resolvidos. A queda de quase 21% na recuperação de dívidas entre quatro e cinco anos indica desistência ou exclusão permanente. Isso mostra que o brasileiro é empurrado ao endividamento crônico, muitas vezes sem instrumentos para sair dele com dignidade e estabilidade”, afirma.

Atualmente, cerca de 42,91% da população adulta brasileira está inadimplente, segundo o SPC Brasil.

Fonte: cenariomt

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