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Economia

Inadimplência no Brasil: 85% dos consumidores negativados sofrem reincidência

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Dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revelam um cenário preocupante: a inadimplência tem se tornado cíclica no país. O Indicador de Reincidência mostra que, em abril de 2025, 85,12% das negativações foram de consumidores reincidentes — ou seja, pessoas que já haviam aparecido no cadastro de devedores nos últimos 12 meses. Em média, a reincidência acontece apenas 72,5 dias após o primeiro atraso, o que evidencia a fragilidade financeira de grande parte da população.

O relatório aponta que, entre os reincidentes, 63,87% são consumidores que ainda não conseguiram quitar dívidas antigas, enquanto 21,25% haviam saído do cadastro, mas voltaram a atrasar pagamentos. Outros 14,88% dos negativados não reincidiram dentro do período de um ano.

Segundo o presidente da CNDL, José César da Costa, “o alto número de reincidentes é consequência de uma combinação perigosa entre juros altos, inflação persistente e endividamento elevado. A inadimplência deixou de ser pontual e se tornou sistêmica, especialmente entre os mais vulneráveis”. A preocupação central é que milhões de brasileiros possam acabar permanentemente excluídos do sistema financeiro formal.

População adulta enfrenta ciclo vicioso de dívidas

Apesar de uma queda de 5,09% no número de reincidentes nos últimos 12 meses encerrados em abril, em comparação com o período anterior, os dados ainda revelam um quadro de desequilíbrio financeiro. “Os consumidores quitam uma dívida apenas para contrair outra, muitas vezes em condições ainda mais desfavoráveis”, explica o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.

Entre os reincidentes, a faixa etária com maior participação é a de 30 a 39 anos, representando 26,40% dos casos. Quanto ao gênero, a inadimplência reincidente está distribuída de forma relativamente equilibrada: 53,92% são mulheres e 46,08% homens.

Número de consumidores que conseguem limpar o nome também cai

O Indicador de Recuperação de Crédito de Pessoas Físicas, também do SPC Brasil, mostra que o número de brasileiros que quitaram suas dívidas caiu 9,37% no acumulado de 12 meses até abril de 2025, em comparação ao mesmo período anterior. A retração é mais intensa entre os consumidores que conseguiram quitar suas pendências em até 90 dias, com queda de 11,45%.

A faixa etária que mais conseguiu recuperar o crédito no período foi a de 50 a 64 anos (23,85%). Por gênero, a proporção de recuperação é equilibrada: 51,73% mulheres e 48,27% homens.

Em média, cada consumidor que regularizou sua situação pagou R$ 2.333,07, sendo que 58,51% dos pagamentos ficaram abaixo de R$ 500, o que indica que boa parte da população ainda enfrenta dificuldades para quitar valores maiores.

Com a inadimplência atingindo cerca de 42,36% da população adulta, os dados reforçam a necessidade de políticas públicas e privadas voltadas à educação financeira, renegociação de dívidas em condições viáveis e inclusão econômica. O risco, segundo os especialistas, é que a exclusão do crédito se torne permanente para milhões de brasileiros.

Fonte: cenariomt

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