Com o avanço da idade, é comum que pessoas acima dos 60 anos busquem tratamentos odontológicos para recuperar dentes perdidos, especialmente considerando o aumento da expectativa de vida no Brasil. Antes, era comum entre os sexagenários o uso de próteses móveis, que eram acopladas ao céu da boca.
Esse recurso foi muito importante para os tiveram pouco acesso a tratamentos dentários. No entanto, o avanço tecnológico apresentou novas possibilidades, em especial, as próteses implantadas.
De acordo com o doutor Fernando Gardin, especialista em implantodontia, os implantes dentários oferecem uma solução eficaz para quem perdeu um ou mais dentes, e, além de melhorarem a estética do sorriso, também trazem benefícios significativos para a saúde e qualidade de vida dos pacientes.
O método foi desenvolvido inicialmente pelo doutor Per-Ingvar Brånemark, na década de 1950, e se tornou mais acessível e comum a partir de 1980, graças ao aprimoramento das técnicas cirúrgicas e dos materiais usados.
“Hoje, a tecnologia de implantes evoluiu tanto, que até pacientes com limitações ósseas podem se beneficiar dessa solução”, comentou Fernando.
Pelo sistema privado, o valor de um implante de um dente na parte superior da boca (onde o incômodo é maior) gira em torno de R$ 3,5 mil, incluindo cirurgia, cicatrizador, manipulação tecidual, coroa em cerâmica.
De acordo com o cirurgião bucomaxilofacial, doutor Emílio Marquardt, especialista com mais de 20 anos de experiência na área, a idade por si só não impede ninguém de realizar o implante.
“Muita gente pensa que, depois de uma certa idade, não há mais tempo para fazer o implante. Mas isso não é verdade. O que realmente importa é a saúde geral da pessoa”, afirmou.
Ele explica que antes de realizar o procedimento, o paciente passa por uma avaliação completa, que inclui exames de sangue, tomografia e análise da qualidade óssea. “Hoje, a cirurgia pode ser minimamente invasiva, com cortes computadorizados, proporcionando mais precisão e uma recuperação muito mais rápida do que as cirurgias convencionais”, complementou Emílio.
A qualidade de vida dos pacientes é um dos maiores benefícios dos implantes dentários. Para o doutor. Gardin, os benefícios vão além da estética, melhorando funções como mastigação, fala e autoestima. “Eu atendo pacientes com mais de 80 anos e o que eles mais me falam é: ‘por que eu não fiz esses implantes antes?’”, relatou.
Maria Ferreira, de 74 anos, é um exemplo de quem se beneficiou dessa tecnologia. Há três anos, ela optou pelo implante do maxilar superior. Antes disso, ela usava uma prótese que frequentemente causava desconforto.
“Eu tinha que ficar apertando a prótese o tempo todo. Quando meu dentista sugeriu o implante, eu aceitei de imediato. A cirurgia foi dolorosa no começo, mas valeu muito a pena. Hoje, posso mastigar sem problemas, como se tivesse meus dentes naturais de volta. Não me arrependo nem um pouco”, compartilhou Maria.
Ainda de acordo com os especialistas, os implantes dentários também ajudam a evitar complicações de saúde, como problemas digestivos causados pela dificuldade de mastigar alimentos corretamente. A boa mastigação facilita a digestão, prevenindo doenças como a gastrite. Além disso, a segurança ao falar e sorrir sem medo de que a prótese caia ou se mova é um fator importante para a recuperação da autoestima e da confiança dos pacientes.
Emílio destaca que até pacientes com comorbidades, como diabetes ou que utilizam medicamentos controlados, podem se submeter ao procedimento, desde que o tratamento seja bem planejado e as condições estejam controladas.
Portanto, a idade não é um obstáculo para ter dentes fixos novamente, pois os implantes dentários são uma solução eficaz e segura. “A implantodontia moderna está aqui para devolver seu sorriso, qualidade de vida e bem-estar”, indica Emílio Marquardt.
Oferta no SUS
O SUS (Sistema Único de Saúde) oferece implantes dentários e outros tratamento ortodônticos. O Programa Brasil Sorridente foi criado em 2003 e é amparado por portarias do Ministério da Saúde. Essa Política Nacional de Saúde Bucal foi incorporada à Lei Orgânica da Saúde pela Lei 14.572, sancionada em 2023.
O número de implantes dentários feitos pelo SUS, na região Nordeste, por exemplo, entre os anos de 2018, 2019 e 2020, foi de 9.892, segundo dados do Ministério da Saúde.
A política de atendimento à saúde bucal considerou dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que apontou que 39 milhões de brasileiros usam próteses dentárias, e 16 milhões vivem sem nenhum dente.
Ainda segundo os dados de 2019, 33% da população brasileira usava algum tipo de prótese dentária. Uma em cada cinco pessoas que usavam dentadura tinham entre 25 e 44 anos.
O IBGE apontou ainda que metade da população adulta brasileira tem apenas 20 ou menos dentes funcionais. Os idosos representam a maior porcentagem das pessoas que perderam dentes.
O levantamento também demonstrou que 14 milhões de brasileiros com mais de 18 anos perderam todos os dentes; e que 34 milhões de brasileiros com mais de 18 anos perderam 13 dentes ou mais.
Capacitação profissional
Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial (ABOR) defende que todo e qualquer procedimento odontológico seja executado por profissionais formados e qualificados. No caso dos implantes, o processo deve ser feito com planejamento e de acordo com as condições de saúde de cada paciente.
“Alertamos que o tratamento odontológico deve sempre ser planejado tendo em vista o perfeito equilíbrio entre as questões funcionais que envolvem o aparelho mastigatório, digestivo e a estética do sorriso e da face”, disse o doutor Ricardo Moresca, vice-presidente da ABOR.
Tendo em vista este objetivo, dentre as várias diretrizes promovidas pela ABOR, destaca-se a educação continuada, incentivando a capacitação contínua dos profissionais, oferecendo cursos, seminários, congressos e publicações científicas que abordam as inovações e técnicas de tratamento, sempre enfatizando a segurança e a eficácia.
“As orientações da ABOR buscam proteger os pacientes de danos físicos e psicológicos, promovendo tratamentos baseados em evidências científicas, ética profissional e respeito à saúde integral do paciente”, destaca o doutor Moresca, que também é professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
A ABOR ainda reforça a importância do respeito às normas do Conselho Federal de Odontologia, que regulamenta a prática odontológica no Brasil.
Fonte: primeirapagina