O impacto do tarifaço imposto nos últimos quatro meses pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ainda será sentido, na avaliação do pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), José Eustáquio, uma vez que “as coisas estão em curso”.
Na avaliação do especialista, entrevistado desta quinta-feira (1º) do programa Direto ao Ponto, a questão em torno das decisões do presidente americano seria mais do que uma pauta economia, ela teria por trás “uma pauta ideológica e uma pauta política de reestruturação e reorganização do mundo geopolítico”.
“O que está por trás é uma discussão muito mais ampla que eu não estou vendo as pessoas discutindo”, diz o especialista do Ipea ao relembrar o fortalecimento dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. “É uma discussão de reorganização geopolítica do mundo”, completa.
O pesquisador destaca que hoje o mundo está polarizado entre Estados Unidos, Rússia e China, o que tornaria a questão “muito mais do que uma pauta econômica tradicional”.
“O que eu vejo é o seguinte… Os Estados Unidos se deram conta que passou um longo tempo e eles foram deixando a economia chinesa ir crescendo. E o quê que acontece? A gente observa que o parque industrial chinês hoje é muito grande. Em alguns setores, a China começa a competir de igual com os Estados Unidos”, salienta José Eustáquio.

Brasil foi ‘relativamente’ beneficiado pelo tarifaço
No que tange ao Brasil, o pesquisador do Ipea aponta que até o momento o país “foi até beneficiado”, uma vez que houve aumento de tarifa de apenas 10% e ainda pode negociar tarifas recíprocas.
Ele comenta que tem dado conselhos para parlamentares quanto aos ajustes nas tarifas recíprocas. “Por quê? As tarifas seriam ajustadas para baixo, isso traria uma competição internacional maior para dentro do mercado brasileiro e você teria um aumento da produção interna brasileira”.
Entretanto, o especialista destaca que para o Brasil “sair beneficiado” em meio a guerra comercial, “vai depender se não houver mais um ajuste junto à economia americana sem querer aumentar as tarifas”.
José Eustáquio ressalta ainda que é preciso lembrar que “há toda uma pressão com aqueles países que vão comercializar com os chineses, porque caso contrário, o governo americano pode também detalhá-los”.
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Fonte: canalrural