Via @jornaloglobo | O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) condenou, em primeira instância, o homem acusado de ameaçar três deputadas estaduais mineiras de “estupro corretivo” a 12 anos e 9 meses de prisão. A sentença foi proferida com base na prática de crimes cibernéticos, conforme denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).
O réu foi preso em maio de 2023, em Olinda (PE), durante a terceira fase da operação Di@na. Ele foi acusado de enviar mensagens com ameaças graves às parlamentares Lohanna França (PV), Bella Gonçalves (PSOL) e Beatriz Cerqueira (PT), por meio dos e-mails institucionais delas.
A investigação, iniciada em agosto do mesmo ano, apontou que as mensagens foram planejadas em grupos virtuais onde circulavam conteúdos ilegais. Segundo o MPMG, o réu usava os apelidos “Leon” e “Grow” e era o principal articulador do grupo investigado. Além das ameaças às deputadas, ele também é acusado de coagir adolescentes a se automutilarem e enviarem imagens íntimas.
O nome da operação — Di@na — faz referência à deusa da mitologia greco-romana associada à proteção de mulheres e crianças. O símbolo “@” remete ao ambiente digital em que os crimes ocorreram. Após a prisão, o investigado foi transferido para Minas Gerais.
De acordo com a denúncia, o réu também utilizava os dados pessoais das vítimas para intensificar as ameaças. Em uma das mensagens enviadas, ele descreveu ações de invasão domiciliar e violência. “Vou chegar de fininho em sua residência e entrar escondido, você nem saberá que eu estou lá até pular em seu pescoço e te colocar em algemas”, escreveu para Lohanna França.
— Eu e outras mulheres que ocupam cargos públicos recebemos ameaças diárias, mas nunca nos calamos. A violência psicológica contra nós tem que ser enfrentada com coragem, e é isso que temos feito. A condenação deste homem é um reflexo de que a justiça está se movendo, mas também é um recado claro: a luta contra a violência contra as mulheres é contínua e essencial — celebrou Lohanna.
Além das ameaças às deputadas, a investigação identificou que o acusado divulgava símbolos de apologia ao nazismo e tentava aliciar menores de idade, o que agravou sua situação criminal.
A condenação se deu na 12ª Promotoria de Justiça de Belo Horizonte, com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate aos Crimes Cibernéticos (Gaeciber), da Polícia Civil e da Polícia Militar de Minas Gerais. Cabe recurso da decisão.
Por Luísa Marzullo
Fonte: @jornaloglobo