O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou nesta segunda-feira (18) que o Brasil mantém esforços para negociar com os Estados Unidos a redução de uma tarifa de 50% sobre exportações brasileiras, mas esbarra em demandas consideradas “constitucionalmente impossíveis”. Segundo ele, há dificuldade de compreensão sobre o funcionamento do Brasil por parte dos americanos.
Em entrevista, Haddad explicou:
“A negociação não ocorre porque os Estados Unidos tentam impor ao Brasil uma solução constitucionalmente impossível, que exigiria intervenção do Executivo sobre o Judiciário. Não temos condições políticas ou jurídicas de atender a essa demanda, gerando um impasse.”
O ministro destacou que o comércio bilateral caiu à metade desde os anos 80, representando atualmente apenas 12% das exportações brasileiras para os EUA, e alertou que a tendência é de queda contínua.
Haddad também comentou sobre o cancelamento de uma reunião com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, atribuindo a interferência a interlocutores da extrema-direita brasileira. Ele ressaltou que encontros anteriores, como o realizado em maio, foram positivos:
“[Foi uma reunião] excelente. Agora, o que mudou de maio para julho, tem que ser perguntado para eles.”
O ministro criticou a postura de deslealdade na comunicação entre governos:
“Eu nunca cometeria uma deslealdade dessa com um homólogo de outro país. Se marco um compromisso, eu cumpro.”
Haddad informou ainda que a família do ex-presidente Jair Bolsonaro tem atuado para dificultar negociações e que o governo brasileiro trabalha na regulamentação de um plano de contingência de R$ 30 bilhões em crédito para setores afetados pela tarifa americana, por meio da MP Brasil Soberano:
“A tarefa desta semana é regulamentar o plano, liberar os recursos e proteger o Brasil dessa agressão externa.”
O ministro afirmou que o plano está bem calibrado e não precisará ser ampliado:
“Se o cenário se confirmar, não vejo razão para ampliar. Vamos acompanhar os desdobramentos.”
Globalização
Sobre a política americana, Haddad comentou que a imposição de novas tarifas reflete uma mudança na estratégia dos Estados Unidos diante da globalização:
“Eles lucraram com a globalização, mas perceberam que a China também ganhou muito e decidiram ‘mudar o jogo’.”
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Fonte: cenariomt