A gripe aviária é uma doença viral altamente contagiosa que afeta principalmente aves domésticas e silvestres, mas que também pode atingir alguns mamíferos, como bovinos, suínos e, em casos raros, humanos. Causada pelo vírus influenza tipo A, com destaque para o subtipo H5N1, ela apresenta elevada capacidade de mutação, o que facilita sua adaptação a diferentes espécies hospedeiras.
Considerada uma doença de notificação obrigatória à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), tem impacto direto no comércio internacional de produtos avícolas e na saúde pública. Com potencial pandêmico, entender a gripe aviária e adotar medidas de prevenção são fundamentais para evitar surtos mais graves, tanto na avicultura quanto na saúde humana. Então, continue lendo e confira tudo sobre a doença.
Como é a situação da gripe aviária no Brasil?
O primeiro caso de gripe aviária território brasileiro foi confirmado em 15 de maio de 2023, em aves silvestres. Desde então, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) vem monitorando a evolução da doença.
De acordo com o painel de síndromes respiratórias e nervosas em aves, atualizado em 3 de junho de 2025, foram registradas 170 focos, investigações com resultado laboratorial positivo para o vírus da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade.
Além disso, há outras 6 investigações em andamento, ainda sem resultado conclusivo. Cada foco representa uma unidade epidemiológica em que houve, pelo menos, um caso confirmado da doença.
O que a gripe aviária causa nas aves?

Nas aves, a gripe aviária pode se manifestar de forma leve ou altamente letal, especialmente quando causada por vírus de alta patogenicidade. Os sintomas clínicos variam, mas costumam envolver alterações respiratórias, digestivas, neurológicas e reprodutivas.
Principais sinais observados em galinhas incluem:
Achados em necropsia podem revelar:
Em perus, os sintomas costumam ser semelhantes aos das galinhas, porém, em alguns casos, menos intensos. Patos infectados, mesmo que excretem o vírus, podem não apresentar sintomas nem lesões aparentes.
Como a gripe aviária é transmitida para humanos?
A principal via de contágio da gripe aviária é a exposição a aves silvestres ou migratórias que funcionam como reservatórios naturais do vírus e o transportam por longas distâncias durante suas rotas migratórias.
A infecção humana pode acontecer ao manusear aves doentes ou suas carcaças, depenar animais contaminados ou preparar alimentos com carne de aves infectadas, principalmente em ambientes domésticos sem controle sanitário.
Ademais, ambientes como mercados ou feiras que vendem aves vivas também aumentam o risco, por possibilitarem o contato próximo entre diversas espécies e humanos.
Além disso, a globalização e o intenso fluxo de pessoas e mercadorias no mundo todo facilitam a disseminação da doença entre países e continentes.
Quais são os sintomas da gripe aviária em humanos?

A gripe aviária, especialmente a provocada pelo subtipo H5N1, pode causar desde sintomas leves até quadros graves e potencialmente fatais.
Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, os sinais clínicos são divididos em dois grupos principais. Entre os sintomas leves a moderados mais comuns, estão:
O CDC destaca que a conjuntivite tem sido o sintoma mais predominante entre os casos recentes diagnosticados nos Estados Unidos. Outros sintomas menos frequentes, mas ainda relatados, incluem:
Já os quadros moderados a graves podem apresentar:
Ademais, a evolução da doença pode levar a complicações sérias, como pneumonia, insuficiência respiratória, falência renal aguda, falência múltipla de órgãos, sepse e até meningoencefalite — inflamação que acomete estruturas do sistema nervoso.
Portanto, diante de qualquer suspeita de infecção pelo vírus H5N1, o Ministério da Saúde orienta notificação imediata às secretarias estaduais de saúde e ao Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS).
Segundo o infectologista Dr. Klinger Soares Faico Filho, da Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), recomenda-se que os médicos façam:
Quais as diferenças entre H5N1, influenza sazonal e Covid-19?
A gripe aviária se diferencia da influenza sazonal e da Covid-19 em diversos aspectos. Sua transmissão interpessoal é rara ou ausente, ao contrário das outras duas doenças, em que a transmissão entre pessoas é comum.
A exposição epidemiológica ao H5N1 ocorre principalmente pelo contato com aves infectadas, enquanto tanto a influenza sazonal quanto a Covid-19 se disseminam por meio do contato com indivíduos infectados.
O início dos sintomas da gripe aviária e da gripe comum costuma ser súbito, enquanto na Covid-19 os sintomas podem surgir de forma mais lenta e progressiva. A progressão da doença também varia: no H5N1, ela tende a ser rápida e grave; na influenza sazonal, em geral, é autolimitada; e na Covid-19 pode variar de quadros leves a graves.
Os sintomas gastrointestinais são mais frequentes no H5N1, enquanto são raros na gripe comum e podem ocorrer na Covid-19. A letalidade também difere bastante: é alta no H5N1 (acima de 50%), baixa na influenza sazonal (menos de 0,1%) e moderada na Covid-19, com taxas entre 0,5% e 1%.
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Como tratar a gripe aviária em humanos?

Segundo o Dr. Klinger Soares Faico Filho, o tratamento de gripe aviária envolve, principalmente, o uso precoce do antiviral oseltamivir, que pode ajudar a reduzir a gravidade dos sintomas e as complicações associadas à infecção pelo vírus H5N1.
Nos casos em que há sintomas leves, o tratamento pode incluir analgésicos, antitérmicos e medicamentos para náusea, sempre com orientação médica. No entanto, a infecção pelo H5N1 costuma evoluir rapidamente e de forma agressiva, podendo causar pneumonia, insuficiência respiratória e falência de órgãos.
“O manejo do H5N1 exige estrutura hospitalar, equipe treinada e suporte intensivo. Mesmo em países com recursos, a letalidade segue elevada. Por isso, vigilância, rastreio e contenção são mais eficazes que tratar quando a doença já se instalou”.
Dr. Klinger Soares Faico Filho
O mais importante é buscar atendimento médico imediato diante de qualquer suspeita, especialmente em pessoas que tiveram contato com aves infectadas ou frequentaram locais de risco. Quanto mais cedo o tratamento for iniciado, maiores são as chances de recuperação.
Como evitar gripe aviária?
A melhor forma de se proteger contra a gripe aviária é evitar a exposição ao vírus H5N1, especialmente em regiões com registros da doença em aves. Isso inclui não tocar em aves doentes ou mortas e manter distância de ambientes onde há criação de aves infectadas ou suspeitas. Também é essencial não consumir carne de ave ou ovos malcozidos.
Segundo a Dra. Greyce Lousana, presidente executiva da Sociedade Brasileira de Profissionais em Pesquisa Clínica, o Brasil tem adotado medidas rigorosas de controle, com barreiras sanitárias e monitoramento constante em locais de risco. O plano nacional de contingência tem como objetivo impedir surtos e proteger tanto os animais quanto os seres humanos.
A especialista destaca dois cuidados essenciais: os produtores rurais devem observar sinais de dificuldade respiratória nas aves e comunicar imediatamente os órgãos de defesa agropecuária.
Além disso, ela reforça que é fundamental o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), como luvas, máscaras e aventais, ao lidar com animais possivelmente infectados.
Adotar práticas de higiene, como lavar bem as mãos após manusear animais ou visitar granjas, também ajuda a reduzir o risco de infecção. Em locais com surtos confirmados, a vigilância e a restrição de circulação são essenciais para conter a propagação do vírus.
Tem vacina para gripe aviária?

Atualmente, não existe uma vacina aprovada especificamente para prevenir a gripe aviária em humanos. Isso porque as utilizadas contra a gripe comum (influenza sazonal) não oferecem proteção contra os vírus da gripe de origem animal, como o H5N1.
No entanto, há esforços em andamento no Brasil para o desenvolvimento de um imunizante. Desse modo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está avaliando a produção de uma vacina nacional. O Instituto Butantan, responsável pela formulação, aguarda a autorização da agência reguladora para dar continuidade à pesquisa.
É seguro consumir alimentos de origem animal?
Desde que alguns cuidados sejam seguidos, é seguro consumir alimentos de origem animal mesmo em regiões com surtos de gripe aviária. O risco está no consumo de carne e ovos crus ou mal cozidos, o que deve ser evitado nessas situações. Animais doentes ou que morreram de forma inesperada não devem ser consumidos em hipótese alguma.
Para garantir a segurança alimentar, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda cinco práticas essenciais:
Quanto ao leite e derivados, a situação exige atenção. A OMS recomenda fortemente o consumo apenas de leite pasteurizado, pois esse processo elimina o vírus e outros agentes infecciosos.
Desse modo, laticínios produzidos com leite pasteurizado, como queijos e iogurtes, são considerados seguros se forem fabricados sob condições rigorosas de higiene. Já os queijos feitos com leite cru não são recomendados em áreas afetadas, uma vez que ainda se investiga se o vírus pode sobreviver durante a produção.
Conclusão
Enfim, agora você já sabe tudo sobre gripe aviária, desde o panorama no Brasil até sintomas e tratamentos. Então, que tal conferir também Longevidade: guia completo para viver mais tempo e com saúde? Isso e muito mais você acompanha em nossa categoria sobre saúde.
Fonte: fashionbubbles