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Governo proíbe vídeos de criminosos e furtos disparam na Havan: Lojas registram recorde

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A rede varejista Havan conseguiu derrubar em mais de 50% a ocorrência de furtos dentro de suas lojas em cerca de oito meses após começar a publicar vídeos mensais, em suas redes sociais, com flagrantes que mostram o rosto de pessoas tentando levar produtos sem pagar.

Com o mote “Quem não quer aparecer aqui, é só não furtar”, a estratégia da Havan ganhou o nome “Amostradinhos do Mês” e alcançou repercussão significativa, com média de 25 milhões de reproduções a cada vídeo de flagras. O sucesso motivou outras varejistas e até mesmo pequenos comércios a fazerem o mesmo.

No entanto, o Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) acionou a Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD), órgão do governo federal, apontando incompatibilidade da prática com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Como resultado, em julho a agência solicitou à Havan a retirada dos vídeos, sob pena de multa de R$ 50 milhões, até que o caso fosse apurado internamente pelo órgão.

Até o momento a apuração segue sem novidades, mas a suspensão da estratégia fez com que o volume de furtos voltasse ao patamar anterior, sobretudo no período noturno. Segundo a assessoria da Havan, de lá para cá a rede registrou um aumento expressivo nos casos de furtos, arrombamentos e até mesmo depredações em suas lojas.

“Só em setembro foram 64 ocorrências no período noturno, o que representa quase 50% de todos os delitos de 2025. No acumulado do ano, já são 131 registros”, diz a empresa.

“Criminosos não temem a Justiça, mas sentem vergonha da exposição”, diz dono da Havan

Para Luciano Hang, dono da Havan, o crescimento dos crimes dentro de suas lojas está relacionado à retirada do ar dos “Amostradinhos do Mês”. “Percebemos que os criminosos não têm medo da Justiça ou da polícia, mas sentem vergonha de serem reconhecidos por familiares, amigos, vizinhos ou até por outras vítimas. Quando expostos, pensam duas vezes antes de agir”, afirmou.

Diante do aumento das ocorrências, Hang decidiu publicar um novo vídeo, desta vez borrando os rostos dos criminosos flagrados, para mostrar o cenário enfrentado por estabelecimentos comerciais.

Segundo o empresário, mesmo não podendo expor os criminosos, a varejista mantém uma estrutura de combate aos crimes dentro das suas lojas. “Todas contam com um sistema de segurança de última geração. Temos uma central 24 horas que acompanha tudo o que acontece em nossas unidades. As pessoas flagradas cometendo crimes são abordadas, identificadas, registramos a ocorrência nos órgãos competentes e processamos. Todas são cadastradas em nosso banco de dados e, em qualquer uma das lojas que entrarem, nosso monitoramento é imediatamente alertado”, diz o dono da Havan.

Projeto de lei pode liberar divulgação de flagrantes de crimes em lojas

Dias após a ANPD suspender a divulgação dos vídeos, a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) apresentou o projeto de lei 3630/2025, que propõe uma mudança na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais para permitir a divulgação de imagens de pessoas flagradas cometendo crimes dentro de estabelecimentos comerciais.

O objetivo da proposta é contribuir para a identificação dos infratores. Segundo a autora, a divulgação das imagens também “pode exercer um importante efeito inibitório, desestimulando a ação de pessoas mal-intencionadas que consideram agir impunemente”.

“Saber que suas ações poderão ser imediatamente expostas e identificadas funciona como um mecanismo adicional de prevenção ao crime, contribuindo para a segurança de comerciantes, consumidores e trabalhadores”, diz a deputada na justificativa do projeto de lei.

Atualmente o texto está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e aguarda a nomeação de um relator. A proposta é conclusiva, isto é, não precisa ir ao Plenário para votação de todos os deputados – se aprovada na CCJ, segue direto para o Senado.

Havan motivou o debate, mas não é o foco da proposta, diz deputada

À Gazeta do Povo, Bia Kicis afirmou que o clima na Câmara é favorável ao projeto de lei e que acredita que o texto deve ser votado ainda neste ano. “Esse é um momento bem propício para aprovar esse projeto. Temos aprovado na CCJ vários projetos que mexem com o Código Penal e que endurecem penas, por exemplo. E acho que esse é um caso importante porque todo mundo que tem um comércio está se sentindo completamente à mercê da bandidagem”, diz.

A parlamentar reforça, no entanto, que a proposta não está centrada no caso da Havan, mas busca estender o recurso a todos os comerciantes que desejem usá-lo para coibir crimes em suas dependências.  

“É claro que o caso da Havan nos inspirou, porque o que aconteceu foi tão absurdo que chamou muito a atenção. Mas são inúmeros os estabelecimentos que passam por esse tipo de problema e poderiam ser beneficiados com a mudança na LGPD”, declara.

Posicionamento ANPD

A Gazeta do Povo questionou a Agência Nacional de Proteção de Dados sobre o andamento da apuração iniciada em julho, que suspendeu a divulgação dos vídeos da Havan. O órgão não respondeu até o fechamento da reportagem, que será atualizada caso haja manifestação.

Fonte: gazetadopovo

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