O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou uma estratégia de nomeações para cargos em conselhos de empresas estatais, com o objetivo de fortalecer a base de apoio político no Congresso Nacional.
Essas designações de gestão de Lula incluem pessoas associadas a parlamentares influentes, como os presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP), respectivamente.
A gestão alega que as nomeações seguem os requisitos da Lei das Estatais e que passam por avaliação dos comitês de elegibilidade das empresas, que verificam a validade legal dos processos. Contudo, há críticas quanto à adequação técnica e à experiência profissional dos nomeados.
De acordo com informações do jornal , 323 aliados do governo Lula foram indicados para ocupar posições em conselhos de empresas públicas ou privadas. Entre os indicados, estão ministros, dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT), servidores comissionados e pessoas ligadas a parlamentares com influência sobre a agenda legislativa. Os salários chegam a R$ 80 mil.
Marcone dos Santos, assistente técnico no gabinete de Hugo Motta (Republicanos-PB), agora ocupa uma posição no conselho fiscal da Infraero, responsável pela operação e pelo desenvolvimento da infraestrutura dos aeroportos brasileiros.
A indicação de Santos ocorreu pelo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. Santos já havia trabalhado com Silvio na Câmara dos Deputados e também no gabinete do deputado Ossesio Silva (Republicanos-PE).

Já Mariangela Fialek, assessora da Presidência da Câmara dos Deputados, agora é conselheira da Brasilcap, subsidiária do Banco do Brasil que trabalha com títulos de capitalização.
Ela é ligada a Arthur Lira (PP-AL), antecessor de Hugo Motta, e manteve seu cargo depois da transição de liderança na Casa Legislativa. Conhecida como Tuca, Fialek é uma figura carimbada nos corredores do Congresso e teve papel relevante na distribuição de emendas e no chamado “orçamento secreto”.
Fialek já trabalhou com o ex-senador Romero Jucá (MDB-RR) e com o ex-presidente Michel Temer, na Secretaria de Governo da Presidência. Na administração de Jair Bolsonaro, ela atuou no Ministério do Desenvolvimento Regional sob Rogério Marinho, agora senador. O perfil de Fialek é semelhante ao de Ana Paula de Magalhães Albuquerque Lima, chefe de gabinete de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
Ela é a principal assessora do presidente do Senado em assuntos relacionados ao Orçamento público, com cargos nos conselhos fiscais da Caixa Loterias e de administração da PPSA, estatal criada para a exploração do pré-sal. A remuneração mensal dos dois cargos é de R$ 13,7 mil.
Um relatório da Polícia Federal de 2023 sobre supostos desvios de recursos de emendas revelou que empresários investigados frequentemente trocavam seu contato entre si. Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, é um desses empresários.
No rol dessas nomeações também está Inácio Melo Neto, que preside a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CRPM) e participa do conselho de administração da entidade vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Melo Neto é casado com a senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
Outro nome é o de Fabio Coutinho, chefe de gabinete do senador Otto Alencar (PSD-BA). Ele atua como conselheiro de administração na Nuclep, estatal que fabrica equipamentos para os setores nuclear, de defesa, de óleo, gás e energia.
Já Micheline Xavier Faustino, assessora do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que antecedeu Davi Alcolumbre, está presente nos conselhos da PPSA e da Eletronuclear.
Fonte: revistaoeste